sábado, 7 de abril de 2012

Tipos de Cerveja


As Ale


São várias as classificações que se podem escolher para diferenciar os diferentes tipos de cervejas. Há quem prefira classificá-las pelo tipo de fermentação, sendo que, deste modo, se formam dois grandes grupos: as Ale (cervejas de alta fermentação ou fermentação no alto) e as Lager (cervejas de baixa fermentação). É claro que dentro de cada um destes grupos há muitos subgrupos, havendo mesmo algumas cervejas que não se encaixam bem quer num, quer noutro grupo.
Outros itens que permitem classificar as cervejas podem ser: a sua cor (clara ou escura); o teor alcoólico (sem álcool, de baixo, médio ou alto teor alcoólico); ou ainda o teor do extrato primitivo, sendo que neste caso as podemos dividir em fracas, normais, extras e fortes.
Por ser a mais difundida e por nos parecer a mais correcta, adoptaremos a divisão que habitualmente é feita tendo por base o processo de fermentação. Assim sendo, falaremos das Ale, das Lager e criaremos um terceiro e quarto grupos a que chamaremos de Cervejas Especiais e Cervejas Excêntricas. Estas últimas podem-se enquadrar em qualquer uma das anteriores categorias, mas preferimos separá-las por possuírem características específicas como, por exemplo, um fermento exclusivo ou serem produzidas numa altura específica do ano, entre outras pequenas grandes diferenças. Não abrangendo todos os estilos possíveis, o diagrama  abaixo dá uma boa ideia da divisão que aqui referimos.


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Comecemos pois pelas cervejas do tipo Ale. Como referimos, o que difere basicamente uma cerveja Ale de uma Lager é o processo de fermentação – alta na Ale e baixa, na Lager. No caso das Ale, a fermentação dá-se num ambiente de temperatura relativamente alta, entre 15º a 24º ou mesmo mais, e isto num período de tempo curto, que rondará os três a cinco dias. Na fase de alta fermentação a  levedura sobe à superfície, sendo que o tipo de levedura utilizada é a Saccharomyces cerevisiae. Este processo é o mais antigo, daí que as cervejas do tipo Ale fossem as únicas disponíveis até meados do século XIX, altura em que foi inventada a baixa fermentação.
Este processo de alta fermentação ou fermentação a quente, realça os sabores mais complexos, frutados e lupulados da cerveja. São pois, em geral, cervejas mais encorpadas e vigorosas sendo que, apesar disso, podem variar muito de uma marca para outra, com características que vão desde o doce ao amargo e das claras às escuras.
Pelo que atrás ficou dito, não é de estranhar que dentro das Ale surjam muitas variações das quais podemos destacar: as Barley Wine; as Bitter; as Blonde Ale; as Brown Ale; as Indian Pale Ale; as Mild Ale; as Pale Ale; as Porter; as Scottish Ale e as Strong Ale. Outros tipos existirão mas estes são os mais comuns e os mais consumidos.
De um modo mais específico, podemos pois considerar os seguintes tipos (clique nas imagens se quiser ver as fotos em tamanho maior):

Altbier - Uma especialidade de Dusseldorf, a Altbier é uma cerveja de cor castanha, habitualmente oriunda da Alemanha. Sabendo que "alt" significa literalmente velho em alemão, esta designação aplica-se-lhe devido à capacidade que esta cerveja tem para envelhecer durante mais tempo do que seria normal para outros estilos. É uma cerveja bem balanceada e delicada, com boa presença de frutas e grande equilíbrio entre malte e lúpulo e uma presença mediana de gás. A Sticke é uma versão mais forte das Altbier, com maior presença de malte e lúpulo. A experimentar: Schlosser Alt; Uerige Doppel Sticke; Widmer Brothers Winternacht.


Amber Ale - Sendo esta uma designação muito genérica, as Amber Ale podem variar desde produtos sem grande interesse e caramelizados, a cervejas como uma boa quantidade e balanço entre malte e lúpulo. Habitualmente, a diferença entre uma Amber Ale de qualidade e uma Ameriacan Pale reside no facto da primeira poder ter um carácter mais escuro devido ao malte utilizado, tendo em contrapartida menos lúpulo. A experimentar: Mac and Jacks African Amber Ale; New Belgium Fat Tire; Troegs HopBack Amber Ale.


American Pale Ale - As American Pale Ale são cervejas claras, que vão desde o amarelo dourado até à cor de cobre. O estilo desta cerveja é definido pelo lúpulo de origem americana que nela é usado, transmitindo este, em geral, um forte aroma à cerveja bem como uma relativa acidez. Esta é uma excelente cerveja para acompanhar refeições ligeiras como pizzas e hambúrgueres, bem como sushi e saladas. A experimentar: Three Floyds Alpha King; Flying Dog Doggie Style Classic Pale Ale; DuClaw Venom Pale Ale.



American Strong Ale - Este é um estilo muito abrangente, que engloba uma grande quantidade de cervejas fortes com volume alcoólico superior a 7% e oriundas dos EUA. Muitas delas são parecidas com as English Strong Ale, apesar de, habitualmente, possuirem um maior teor de lúpulo. Independentemente das suas origens e das suas características, são no seu todo cervejas fortes, com grande presença de malte, lúpulo e, obviamente, álcool. A experimentar: Oggis Hop Whompus; Stone Arrogant Bastard Ale; Bear Republic Hop Rod Rye Ale.



Baltic Porter - Durante o século XVIII, as Porters eram bem mais fortes do que o são hoje em dia, sendo que facilmente ultrapassavam os 7% de volume de álcool. Muitas cervejeiras inglesas faziam mesmo produtos mais fortes destinados à exportação, tendo como principal mercado os países em redor do Mar Báltico. Estas cervejas eram derivadas das Porter inglesas mas tinham também algumas influências das Russian Imperial Stouts, pelo que por vezes podem ser identificadas como Imperial Porters. É um estilo muito complexo,especialmente o sabor, com presença de chocolate e malte torrado, elaborado com lúpulo continental e malte de Viena ou de Munique. Apesar de tudo, é uma cerveja não muito pesada devido a uma boa presença de gás. A experimentar: Koff Porter; Baltika 6 Porter; Carnegie Porter.



Belgian Ale - Com raízes que remontam a meados do século XVIII, as Belgian Ale atingiram o seu estado de perfeição a seguir ao fim da 2ª Guerra Mundial. Actualmente são consideradas uma cerveja para todas as ocasiões, por oposição às Belgian Strong Ales, suas "parentes". Neste estilo nada deve ser muito pronunciado: o equilíbrio entre os diversos elementos é a chave do sucesso. Podem ir de um amarelo dourado até à cor de cobre, boa presença de frutas, malte e especiarias tanto no aroma como no sabor. Têm espuma branca, cremosa e não muito duradoura. A experimentar: Palm Speciale; Vieux-Temps; Ommegang Rare Vos.


Brown Ale - São cervejas com bastante sabor, forte presença de lúpulo e muito habituais em pequenas explorações ou mesmo em produções caseiras. São similares às American Pale e American Amber Ales, diferindo destas por terem uma componente mais forte de caramelo e chocolate, que servem para equilibrar o lúpulo e o final algo amargo. A cor varia entre um castanho-avermelhado a castanho escuro e a espuma deverá ser creme e não muito duradoura. Possui menos álcool que uma Porter e tem, em geral, um sabor complexo e bem balanceado. Acompanha bem sobremesas, carnes e queijos. A experimentar: Samuel Smith's Nut Brown Ale; AleSmith Nautical Nut Brown Ale; Scotch Irish Corporal Punishment.


Cream Ale - As Cream Ale são uma versão ale das lagers americanas e surgem para combater no mesmo mercado que estas. São de aspecto claro e límpido, de corpo leve, forte presença de gás e com pouca ou nenhuma sensação de lúpulo quer no aroma, quer no sabor, o que faz com que tenham uma acidez média a reduzida. Por vezes pode-se saborear milho, que é misturado pelas cervejeiras em detrimento do uso de malte ou lúpulo. A experimentar: Northern Cream Ale; Portsmouth Cream Ale; Wisconsin Whitetail Cream Ale.


English Pale Ale - O termo pale foi inicialmente usado para distinguir as cervejas deste tipo das Porter de Londres que eram mais fortes e escuras. De facto, as English Pale Ale clássicas não são muito claras, antes apresentando uma cor que varia entre o dourado e que pode ir até ao âmbar ou acobreado. A grande diferença deste estilo para as American Pale Ale será uma maior presença de malte no seu carácter, apesar das características amargas e secas do lúpulo também estarem presentes. São por isso excelentes para acompanhar qualquer tipo de prato de carne, desde bifes a pato, frango ou cabrito. Curiosamente, este estilo é, em termos de designação, practicamente inexistente para os ingleses pois para eles, uma English Pale Ale não passa de uma Bitter engarrafada. A sua origem deve ser procurada nos EUA, local onde este estilo tem muita procura e que, de certa forma, presta homenagem às Bitter inglesas, nomeadamente à mais conhecida: a Bass. A experimentar: Jamtlands Pilgrim; Smuttynose Shoals Pale Ale; Herslev Bryghus Pale Ale.


Golden/Blonde Ale - É um estilo muito genérico e com bastantes variantes. Uma das formas habituais será a tradicional Canadian Ale, muito parecida com a American Pale Ale, quer nas qualidades, quer principalmente nos defeitos: pouco malte e lúpulo, utilização de outros cereais menos nobres como arroz ou milho e um sabor e aroma muito neutrais. A interpretação britânica possui mais lúpulo e menos álcool que as congéneres norte-ameriacanas, pelo que são mais referscantes e amargas. São cervejas suaves, com bastante gás, espuma branca e corpo claro e límpido. A experimentar: Crouch Vale Brewers Gold Extra; Redhook Blonde Ale; Oakham Bishops Farewell.



Imperial/Double IPA - As Imperial India Pale Ale (IPA) ou Double IPA, são uma adição recente à paleta de estilos de cerveja. Essencialmente é uma versão "musculada" duma IPA normal e acredita-se que teve a sua origem no Festival de Cerveja de Oregon, nos EUA, em 1996, altura em que foi apresentada a Rogue IPA. O estilo demorou algum tempo a impôr-se mas com a entrada do novo milénio assistiu-se a uma explosão na sua popularidade, com a apresentação de dezenas de novos exemplares, muitos deles bastante apreciados pelos conhecedores de cerveja. É ligeiramente mais escura que uma IPA, devido ao uso de malte em maiores quantidades, isso se explicando pela necessidade de equilibrar a cerveja que possui, em geral, quantidades quase absurdas de lúpulo. Tal dá-lhe um carácter amargo e refrescante, factores que ajudam a encobrir o volume de álcool que pode variar entre os 7,5% e os 10%. Há exemplares que se designam por Extra IPA ou Extreme IPA. A experimentar: Three Floyds Dreadnaught Imperial IPA; Norrebro Bryghus North Bridge Extreme; Stone Ruination IPA.



India Pale Ale - Feita para sobreviver às longas viagens entre a Inglaterra e a Índia, as India Pale Ale têm uma forte componenete de lúpulo, essencial para conservar a cerveja durante o máximo de tempo que se conseguisse. Curiosamente, os exemplares americanos conseguem ter um sabor e aroma ainda mais pronunciados a lúpulo, fruto do gosto dos consumidores desse país. A cor das cervejas deste estilo varia entre o amarelo dourado e o acobreado, sendo que o sabor é bastante intenso e refrescante, indicadas portanto para refeições condimentadas como chili e vindaloo. Infelizmente, o termo IPA é cada vez mais utilizado indiscriminadamente, sendo possível encontrar versões com menos de 4% ABV, algo que não se coaduna com a história deste estilo. Diferenciam-se das English Pale Ale e das Bitters por terem um sabor final com mais lúpulo e menos caramelo e frutos. A experimentar: AleSmith IPA; Stone India Pale Ale; Two Hearted Ale.



Irish Red Ale - As ales vermelhas da Irlanda são cervejas suaves, equilibradas e leves. A um início adocicado, segue-se o sabor típico do malte e um fim com cereais torrados, o que lhe dá uma carácter seco. Estas características podem ser acentuadas e, em consequência, adulteradas se a cerveja for servida muito fria. A sua cor avermelhada é obtida através da junção de malte de cevada, sendo que por vezes se utiliza milho, arroz ou mesmo açucar para suavizar o produto final. A presença de gás não é elevada, bem como a do álcool: entre 4% e 6% ABV. Eventualmente poderá surgir um exmplar mais forte, mas esse será mesmo a excepção à regra. A experimentar: Boulevard Irish Ale; Kilkenny; Beamish Red Irish Ale.




Kolsch - A designação Kolsch está protegida por lei e é exclusiva de pouco mais de 20 cervejeiras localizadas à volta da cidade alemã de Colónia (Koln). Servidas num esguio copo chamado de Stange, estas cervejas têm como curiosidade o facto de não serem boas para passarem por um processo de armazenamento muito longo. O sabor delicado e frutado tende a oxidar com facilidade, pelo que se recomenda um consumo rápido após a compra. As regras que definem este estilo são muito precisas e muitas das marcas que se auto-designam como klschbiers não o são na realidade. Bastante efervescentes e frescas, são feitas a partir do melhor lúpulo alemão (dos géneros Hallertau, Tettnang, Spalt ou Hersbrucker) e de água bastante leve. A experimentar: Paffgen Kolsch; Pyramid Curve Ball Kolsch; Muhlen Kolsch.


Mild Ale - Ligeiramente maltada e com pouco sabor e aroma a lúpulo, daí vindo a expressão Mild, estas cervejas são castanho-escuras e possuem pouco gás bem como pouca espuma. É um estilo que começa a rarear e, mesmo em Inglaterra, só a encontrará com facilidade na região das Midlands, perto da cidade de Birmingham. A experimentar: Three Floyds Pride & Joy Mild Ale; Pitfield 1824 Mild Ale; Bank Top Dark Mild.



Milk/Sweet Stout - Este estilo de stout de origem inglesa, historicamente conhecido como Milk ou Cream, devido à utilização de lactose como adoçante, é de cor bastante escura, tendencialmente doce e possui um sabor com um toque a cereais torrados, o que faz com que se assemelhe a um expresso açucarado. Curiosamente, a designação Milk não é permitida em Inglaterra, apesar de ser corrente noutros países. É um estilo que produz uma espuma muito cremosa e duradoura, sendo que a presença de gás é baixa tal como o volume de álcool, que ronda os 4 a 6%. A experimentar: Lion Stout; Pelican Tsunami Stout; Guinness Foreign Extra Stout.


Northern English Brown Ale - As ales castanhas inglesas estão divididas em dois sub-estilos que se agrupam de acordo com considerações geográficas. Mais secas e com mais lúpulo do que as suas congéneres do sul, diferenciam-se também por terem um sabor mais a frutos secos e menos a caramelo. Têm cor âmbar escura a castanho-avermelhada, espuma pequena e pouco duradoura e sabor doce a malte e biscoitos. A experimentar: Newcastle Brown Ale; Goose Island Hex Nut Brown Ale; Samuel Smiths Nut Brown Ale.



Oatmeal Stout - Como muitas outras stouts, as Oatmeal também são originárias de Inglaterra. Variantes das Sweet Stout, diferem destas por serem menos doces e por darem mais importância à utilização de aveia em detrimento da lactose. De cor muito escura, sabor a malte torrado e aveia, corpo espesso devido ao uso deste último cereal e boa presença de gás, estas cervejas são bastante suaves e podem dar-nos a impressão que estamos a beber um chocolate quente ou mesmo um café com com natas açucaradas. A sua taxa de álcool varia entre os 4,2% e os 5.9% ABV. A experimentar: Broughton Scottish Oatmeal Stout; Anderson Valley Barney Flats Oatmeal Stout; St. Ambroise Oatmeal Stout.



Old Ale - Mais um tipo de ale tradicional inglesa que é assim designado por passar por um processo de envelhecimento após a primeira fermentação - um processo similar às porters clássicas. Têm também a característica de poderem ser guardadas algum tempo antes de se consumir. A presença de álcool e o carácter encorpado e complexo, faz com que sejam uma excelente companhia nas frias noites de Inverno. A experimentar: Theakston Old Peculier; Portland Benchmark Old Ale; Fish Tale Old Woody English Old Ale.



Scotch Ale - Apesar do nome, não irá encontrar muitos exemplares deste tipo de cerveja na Escócia. Caso procure nos Estados Unidos ou no Canadá terá, com certeza, mais sorte, apesar de aí as poder encontrar com a designação de Strong Scotch Ale ou Wee Heavy. Este estilo designa cervejas fortes, escuras, maltadas e que, usualmente, variam entre 6.5 a 8.5% ABV. Têm a particularidade de serem fermentadas a temperaturas mais baixas do que a maior parte das ales e, para além disso, possuem um carácter maltado e com pouca presença de lúpulo. Este facto faz com que sejam cervejas que não são aconselháveis para todo o tipo de refeições, apesar de as podermos beber como se de uma sobremesa se tratassem. O álcool têm, em geral, uma presença acentuada no sabor, o que ajuda a equilibrar um possível excesso de malte e de açucar. A experimentar: McEwan's Scotch Ale; Bitter End Whiskey Wee Heavy; Stoudts Scotch Style Ale.


Southern English Brown Ale - As Southern English ou "London-Style" são mais escuras e doces que as variantes do norte. Trata-se de um estilo quase em vias de extinção e que muitas vezes é confundido ou englobado noutros tipos de cerveja. O sabor é bastante complexo, característica dada pela forte presença de malte e de frutos, isto apesar do volume alcoólico ser relativamente baixo: entre 2,8 e 4,2% ABV. A experimentar: Mann's Original Brown Ale; Dark Star Over the Moon; Wychwood Hobgoblin.



Traditional Ale - É um estilo muito genérico, habitualmente utilizado para designar todos aqueles estilos antigos que cairam em desuso mas que devido a uma onda revivalista começam agora a aparecer nos bares e nas prateleiras dos supermercados. Dito isto, torna-se bastante difícil definir uma característica comum a todas as cervejas aqui englobadas. Representam, isso sim, um olhar saudoso ao passado e um renascer pelas antigas técnicas de produção de cerveja. A experimentar: Hair of The Dog Adam; Bière Darbyste; Jopen Koyt.




Wood-Aged Beer - Trata-se de um estilo tradicional, raramente utilizado pelas grandes empresas cervejeiras mas comum em pequenas explorações, onde é possível guardar a cerveja por longo tempo em barris de carvalho ou em cascos de outro tipo de madeira. Independentemente da cerveja base que seja utilizada, as características da madeira e, em caso de terem sido utilizados barris usados, da bebida que aí tenha estagiado, devem fazer-se sentir quer no aroma, quer no sabor. Este estilo é muito diversificado tendo em conta que se pode utilizar uma infinidade de cervejas base, sendo que a única faceta que as une é o envelhecimento em barris de madeira. A experimentar: Petrus Aged Pale; Dominion Oak Barrel Stout;  MacTarnahan's Oak Aged IPA.


As Lager

As Lager são o tipo de cerveja mais comum, quer em Portugal, quer no resto do mundo. Tal não que dizer que sejam o melhor estilo: isso depende muito do gosto de cada pessoa e da facilidade com que se tem acesso a outros tipos de cerveja. Analisando o que se passa no nosso país, verificamos que cerca de 75% das cervejas à venda são do estilo Lager e que estas representam, aproximadamente, 90% do total de vendas. De facto, Lager era o termo usado para descrever cervejas de fermentação em baixo, quer alemãs, quer checas, apesar destas últimas serem mais conhecidas por Pilsener. A palavra deriva do alemão lagern que significa algo como armazenar. Este termo referia-se ao hábito que se tinha de armazenar este tipo de cervejas em locais onde a temperatura era muito baixa e isto por longos períodos de tempo, antes de se passar à fase de consumo propriamente dita.
As suas origens remontam à Baviera do século XIX, local onde os mestres cervejeiros tinham por hábito guardar os seus produtos em caves muito frias de modo a lhe darem uma certa maturação. Esses produtos, as Lagerbier, eram o resultado de anos de desenvolvimento de técnicas de refrigeração e de utilização de um fermento especial. A principal diferença desse fermento para o que se utilizava no resto da Europa residia no facto de o seu depósito ficar no fundo após a fermentação, ao contrário das Ale, cujo resíduo subia ao topo.
O desenvolvimento das Lager teve um grande impulso entre os anos de 1820 a 1830, altura em que Gabriel Sedlmayr II the Younger, familiar dos donos da Cervejeira Spaten, viajou pela Europa à procura de técnicas que lhe permitissem desenvolver os seus dotes de cervejeiro. Ao regressar dessa viagem, ele usou os seus novos conhecimentos para criar uma Lager mais consistente e estável. Apesar disso, as Lager desse período ainda eram bem diferentes do produto que conhecemos hoje em dia, muito por causa da água de Munique, que fazia com que as cervejas ficassem escuras e "pesadas". Não restem no entanto dúvidas que os progressos de Sedlmayr foram importantíssimos e tal facto é facilmente perceptível ao verificarmos que a receita que ele desenvolveu se espalhou rapidamente por toda a Europa. Como exemplo, refira-se que o seu amigo Anton Dreher utilizou a nova técnica para melhorar a cerveja Vienense, já que a água da capital austríaca permitia o uso de um malte mais suave, o que dava à cerveja uma característica cor âmbar-vermelha.
A nova receita também chegou à Boémia, onde a técnica foi aperfeiçoada. No ano de 1842, na cidade de Plzen, Josef Groll, jovem originário da Baviera, utilizou um malte diferente do habitual que, em combinação com a água muito leve da localidade, deu origem a uma cerveja cor de ouro e muito clara. Esta experiência daria origem à Pilsener ou Pilsner, estilo que rapidamente se espalhou com grande sucesso pela Europa. Actualmente, a Pilsener é uma cerveja clara, com um volume pronunciado de gás, sabor a lúpulo e uma percentagem de álcool que varia entre 3 a 6%. A Pilsner Urquell (Pilsener Original) é o exemplo típico de uma cerveja Pilsener. A maior parte das Lager actuais baseiam-se neste estilo, apesar de terem perdido muito da sua característica acidez.
De um modo mais específico, podemos pois considerar os seguintes tipos (clique nas imagens se quiser ver as fotos em tamanho maior):

American Dark Lager/All-Malt Lager - Dois estilos muito próximos, caracterizados por uma cor escura proveniente da junção de malte e por vezes de caramelo, sendo que, em princípio, as All-Malt apenas utilizam malte na sua concepção, enquanto que as Dark Lager podem ter a junção de outros cereais. São cervejas leves e com bastante gás, algo doces, com pouco carácter, sabor a malte e a caramelo e, curiosamente, aproximam-se mais das lagers mais claras do que dos estilos de lagers escuras. A experimentar: Saranac Seasons Best Nut Brown Lager; Lowenbrau Dark; Brooklyn Lager.

American Macro Lager - Leves, claras, gaseificadas e aguadas, as lagers americanas de grande consumo surgiram aquando da criação das grandes empresas cervejeiras, logo após o fim da Proibição. Não muito amargas, médio-baixo teor de álcool, pouco sabor e aroma! Aqui, o mais importante é a produção em grande massa, cortando-se em cereais nobres como a cevada, malte e lúpulo e abusando-se do milho e do arroz. Pelo menos, o produto final é barato, apesar da qualidade do mesmo deixar muito a desejar. A experimentar: Miller High Life; Pabst Blue Ribbon; Molson Canadian Lager.


Bock - As origens da Bock encontram-se envoltas em grandes dúvidas. Uma das justificações que se encontrou para  o surgimento deste estilo, prende-se com as prácticas ancestrais dos mosteiros medievais germânicos, locais onde se produzia uma cerveja forte e nutritiva que ajudava os monges a suportar os períodos de jejum, já que durante essas épocas apenas seria proibido ingerir comida sólida. Relativamente ao nome, alguns teóricos acreditam que a palvra Bock é apenas a abreviatura de Einbeck, donde teria surgido Beck e, mais tarde, Bock. Outros preferem optar por uma explicação mais mitológica e antiga, referindo que certos povos, procurando o auxílio e a protecção dos deuses, produziam a sua cerveja apenas durante o signo do Capricórnio, um género de cabra. Ora como cabra em alemão se diz Bock.... Deixamos ao seu critério qual a explicação que melhor assenta a este tipo de cerveja. Quanto à cerveja na actualidade, é substancialmente mais forte do que uma lager, mais robusta, com uma maior presença de malte e mais escura, podendo chegar a tonalidades castanhas. O volume de álcool varia entre 5,5% e 7,5%, sendo que o grande destaque vai para a sua suavidade, transmitida não só pelo malte como também pelo facto de estagiar alguns meses antes de ser consumida. A experimentar: Utrechts Bok; Chouffe Bok 666; Brasal Bock.


Bohemian Pilsner - A origem deste tipo de cerveja é de simples percepção se atendermos ao seu nome. De facto, a velha cidade de Plzen (ou Pilsen) na actual República Checa, é o berço desta cerveja suave e fresca. As Pilsener (ou Pilsner, ambas as designações estão correctas) foram inicialmente elaboradas por guildas de produtores de cerveja daquela cidade da Boémia, isto por volta do ano de 1840. Actualmente, caracterizam-se por  ter uma cor amarela clara a dourada, bastante límpida, algo amarga devido ao intenso uso de lúpulo e com aroma e sabor algo frutados ou mesmo florais. Secas no palato e extremamente refrescantes, têm um volume de álcool que varia entre os 4,5 e os 5,5%. É, sem dúvida, um dos estilos mais conhecidos e consumidos do mundo. A experimentar: Pilsner Urquell; Budweiser Budvar; Starobrno.


California Common/Steam Beer - Este tipo de lager 100% americana é, em geral, produzida com um tipo especial de fermento que consegue melhores resultados a temperaturas mais mornas do que o habitual para uma lager. Esse método teve origem no século XIX, na Califórnia, onde a refrigeração ainda era um luxo. Deste modo, os agricultores utilizavam fermento típico de lagers mas a uma temperatura mais própria para ales, o que lhe dá um carácter singular, com a sua leveza característica das lagers e um paladar a frutas a tender para as ale. A Anchor Brewing Co. registou o termo Steam Beer, pelo que, em geral, todas as outras marcas são referidas como California Common. A experimentar: Anchor Steam Beer; Park City Steamer; New England Atlantic Amber.

Classic German Pilsner/Pils - As pilsner de origem alemã dividem-se em dois grandes grupos: as do norte e as do sul. Os exemplares sulistas estão próximas das pilsner da Boémia, com alto teor de lúpulo alemão e pouco presença de malte. Já os exemplares do norte são mais leves e secos, sendo algo semelhantes a uma pale lager. No geral, são cervejas amarelo-claro, transparentes, espuma branca e pouco persistente, com sabor a lúpulo e, por vezes, a frutos e ervas. A experimentar: Stoudt's Pils; Rothaus Pils Tannen Zapfle; Wurzburger Hofbrau Premium Pilsner.


Doppelbock - Também conhecidas por Double Bock, são uma subcategoria das Bock, mais fortes e ricas, caracterizadas por um intenso sabor a malte, que lhes dá um aroma e sabor algo adocicados, sendo esse factor contrabalançado com o uso de lúpulo para lhes dar um toque final azedo. A cor pode variar do âmbar até ao castanho-escuro e o nível de álcool é, em geral, elevado, variando entre os 7-8%. As Doppelbock tiveram origem no mosteiro Paulaner, em Munique, como forma de complemento para as refeições dos monges. A maior parte dos exemplos Bávaros deste tipo de cerveja acabam no sufixo -ator, em referência à primeira cerveja do género posta a circular comercialmente, a Salvator, produzida pelos monges Paulaner. A experimentar: Ayinger Celebrator Doppelbock; Fish Tale Detonator Doppelbock; Augustiner Maximator.


Dortmunder/Helles - Estes dois estilos estão bastante relacionados e próximos, sendo que o primeiro é originário da região de Dortmund, enquanto o último é da Baviera. Ambos são ligeiramente mais fortes do que uma tradicional lager (5,0%-5,6% ABV), têm boa presença de malte e, os melhores exemplos, destacam-se por evidenciarem um sabor a biscoitos, devido ao malte utilizado. São cervejas leves e de fácil ingestão, apesar de algumas Dortmunder da Dinamarca e Holanda serem mais encorpadas e alcoólicas. O carácter amargo é muito similar ao das Pilsner alemãs, aromático e seco. A experimentar: Great Lakes Dortmunder Gold; Burgerbrau Wolnzacher Hell Naturtrub; Aqula Helles.

Dunkel - Estilo típico da Baviera, mais propriamente da região de Munique, são cervejas suaves, ricas e complexas. Têm cor que vai do cobre até ao castanho-escuro, sabor e aroma algo doces, próximo do chocolate, característica que lhes é conferida pelo malte. O teor amargo é médio-baixo, mas o suficiente para contrabalançar com o doce do malte. O lúpulo utilizado costuma ser de origem alemã e de boa qualidade, como o comprovam as espécies habitualmente usadas: o Hallertau e o Tetnang. O volume alcoólico varia entre 4% e 6%. A experimentar: Ayinger Altbairisch Dunkel; Aldersbacher Kloster Dunkel; Altenmunster Jubelbier Dunkel Spezial (Jubel).


Eisbock - Este é o tipo mais forte de Bock. É obtido através da redução da temperatura de uma cerveja do tipo doppelbock até esta começar a formar gelo. Por essa altura, remove-se o gelo e o resultado é uma cerveja com uma concentração mais alta de álcool. Esta técnica reflecte-se também no sabor, mais concentrado e rico em malte, o que lhe dá uma certa doçura, necessária para equilibrar com o acentuado teor de álcool, que chega a ascender aos 8%. A cor pode variar entre o castanho-avermelhado e o preto. A experimentar: Kuhnhenn Raspberry Eisbock; Aventinus Eisbock; Castle Eggenberg Urbock Dunkel Eisbock.


European Strong Lager - A maior parte das cervejeiras do mundo produz uma cerveja mais forte e alcoólica, baseada na sua lager normal. O efeito pretendido é obtido através do aumento da quantidade de malte utilizado e do álcool, o que, por outro lado, reduz a presença do lúpulo no aroma e no sabor. São facilmente distinguidas das Malt Liquors pois estas são apenas elaboradas com malte, o que lhes dá um toque mais acentuado a este cereal. As European Strong Lager são bastante comuns e é um estilo que se encontra em franco crescimento. A experimentar: Carlsberg Elephant; Clipper City Heavy Seas Small Craft Warning; Tuborg Royal Danish Strong Beer (engarrafada pela Unicer sob licença da Tuborg).


Japanese Rice Lagers - Similar a muitas Macro Lagers, devido à redução na utilização de cereais nobres em favor do arroz e, apesar disso, não o suficiente para serem consideradas Happoshu, estas cervejas são amarelo-claro, algo amargas devido ao lúpulo, aguadas e com um fim seco. Em geral são baratas e de baixa qualidade. Independentemente desse facto, acompanham bem refeições picantes e muito condimentadas. A experimentar: Asahi Super Dry; Sapporo Premium Beer; Suntory.


Landbier/Zwickel/Keller - Três estilos bastante relacionados, raros, antigos, únicos e típicos da Alemanha. As Kellerbiers são cervejas não filtradas e não pasteurizadas, utilizando técnicas de produção que se mantêm desde a Idade Média. O produto final é suave, naturalmente opaco e com alto teor de vitaminas, fruto dos fermentos presentes na sua elaboração. O sabor amargo transmitido pelo lúpulo pode ser elevado, sendo talvez essa a grande diferença para as Zwickel Bier, que são mais suaves e têm um sabor menos pronunciado. Quanto às Landbier, a sua maior qualidade é um sabor a malte mais profundo, apesar de também sofrer da falta de gás característica dos dois estilos atrás referidos. É de realçar que o gás destas cervejas é natural, surgindo durante o processo de fermentação. Finamente, acrescente-se que as Landbier podem ser filtradas. Em qualquer um dos estilos, o teor alcoólico não é muito elevado variando entre os 4% e os 7% ABV. A experimentar: Griess Kellerbier; Fursten Zwickel; Echt Veldensteiner Landbier.


Malt Liquor - Um estilo não muito bem visto pelos apreciadores, as Malt Liquor, tipicamente americanas, são lagers mais fortes e com mais álcool. Têm cor palha, por vezes âmbar, sabor aguado e sem carácter, muito por causa da utilização de açucar, arroz e milho em detrimento do malte. O lúpulo raramente é utilizado e, quando o é, serve apenas para equilibrar o aroma e sabor da cerveja. Tal facto resulta em cervejas extremamente fortes - em termos de álcool, entenda-se - com percentagens que variam entre os 6% e os 9% ABV. A experimentar: Molson XXX; Colt 45; Olde English 800.


Pale Lager - Estamos perante o estilo mais mal-amado dos conhecedores de cerveja e não sem uma certa razão! As Pale Lager são o estilo de cerveja mais popular e consumido no mundo, sendo que a maior parte das cervejas deste tipo se baseiam nos três exemplos clássicos deste género: a Carlsberg, a Heineken e a Budweiser. A sua cor é, habitualmente, amarela clara e muito transparente, com alto teor de gás e uma percentagem de álcool que varia entre os 4% e os 6%. A presença de malte ou cevada é quase nula quer no aroma, quer no sabor, havendo algumas notas de lúpulo que lhe dão o característico sabor amargo e por vezes, também de milho. Estas cervejas são feitas para agradar a um número máximo de consumidores e por isso tentam não ter sabores muito intensos. A sua produção é industrial e por isso é usual encontrarmos alguma artificialidade em certos produtos, muito aguados e sem características que os diferenciem de centenas de outras Pale Lagers que se produzem por esse mundo fora. Se quiser experimentar este estilo não é preciso ir muito longe: a Sagres e a Super Bock fazem parte deste lote de cervejas. Felizmente e, na minha opinião, que confesso poder ser parcial devido a ser português, são das melhores cervejas que bebi dentro do género: frescas, leves e suficientemente saborosas para acompanhar uma refeição, uns salgados ou simplesmente para serem bebidas quando estamos na praia, na esplanada ou quando saimos à noite. A experimentar: Summerfest; O.K. Beer; Sagres; Super Bock.


Pilsner - A definição do estilo pilsener encontra grande campo de debate entre os conhecedores de cerveja. Aqui caem todas aquelas marcas que não podem ser consideradas pilseners da Boémia ou pilseners germânicas clássicas. Geralmente, referem-se a lagers pálidas, amarelas e com presença de lúpulo quer no aroma, quer no sabor. O teor alcoólico varia entre  4,0% e 5,5%. Muitas vezes são designadas pela abreviatura Pils. A experimentar: Wiibroe Pilsner Helsingor; Tuppers Hop Pocket Pils; Christoffel Blond.


Premium Lager - As Premium Lager situam-se entre as Pale Lager comerciais e as Pilsener. Sendo esta diferença muito ténue, é habitual certas cervejas auto-intitularem-se Premium Lagers mas, de facto, não o serem. As que o são, têm cor dourada ou mesmo acobreada e possuem um forte carácter dado pelo malte e pelo lúpulo. O álcool costuma variar entre 4,5% e 5,5% e têm menos gás do que uma pale lager ou do que uma pilsener germânica clássica. É, em geral, um produto típico de pequenas industrias cervejeiras ou mesmo de pubs e bares que produzem as sua próprias bebidas. A experimentar: Spaten Premium Lager; Boulevard Bobs 47 Munich-Style Lager; Creemore Springs Premium Lager.


Rauchbier - Estilo com bastantes tradições na Alemanha, as suas origens remontam ao início do século XVI, altura em que começaram a ser produzidos os primeiros exemplares na região de Bamberg. É uma cerveja escura, com grandes semelhanças com as Oktoberfest/Marzen. Essa tonalidade é-lhe transmitida pelo malte, que sofre um processo de transformação ao ser colocado junto a lareiras para ficar com um sabor fumado (rauch é a palavra alemã para fumado). O uso deste ingrediente dá um sabor muito característico à cerveja, semelhante a carne fumada e com notas de especiarias. O volume de álcool varia entre os 4% e os 7%. A experimentar: Aecht Schelenkerla Rauchbier Marzen; Triumph Rauchbier; Spezial Rauchbier Lager.

Schwarzbier - Esta palavra significa em alemão cerveja preta. Simplesmente. Não tem nenhuma conotação com a cerveja ser encorpada, leve ou complexa, apesar da tendência ser para exemplares que não dependem tanto do malte como as Stout e as Porter, havendo portanto lugar ao aparecimento do sabor do lúpulo, o que lhes dá um certo carácter amargo, não presente nos outros dois estilos referidos. São uma excelente escolha para os dias frios, já que são cervejas suficientemente complexas, saborosas e encorpadas para aquecer qualquer alma e isto sem o carácter pujante e por vezes sobredimensionado presente nas Porter  e nas  Stouts. A experimentar: Sprecher Black Bavarian; Herold Cerny Lezak; Kulmbacher Monchshof Shwarzbier.


Smoked - As Smoked clássicas são provenientes de Bamberg, na Alemanha. São feitas usando malte previamente fumado, o que dá as cervejas um carácter muito robusto e distinto. Esta técnica é também usada para a produção de outros tipos de cerveja, como algumas Scotch Ales e Porters. No entanto, o estilo que com este mais se assemelha talvez seja o das Rauchbier, que também utiliza malte fumado e que é igualmente proveniente da cidade de Bamberg. A experimentar: Alaskan Smoked Porter; Aecht Schlenkerla Fastenbier; Bièropholie Calumet.


Vienna - Deve o seu nome à capital da Áustria, Viena, cidade de origem deste tipo de cerveja. É uma bebida leve, com sabor e aroma a malte, bastante próxima das Marzen e das Oktoberfest. Apesar da sua origem alemã/austríaca, é, hoje em dia, quase uma raridade encontrar este estilo de cerveja à venda em grandes quantidades. Curiosamente, alguns dos exemplos mais característicos são oriundos do México: a Dos Equis e a Negra Modelo. A experimentar: Schell FireBrick; Svaneke Bryghus Byens; Capital Winter Skal.

Cervejas Especiais

Há, nas milhares de marcas que existem no mercado, algumas cervejas que podemos designar por especiais. E se é verdade que todas as cervejas são especiais, também não é mentira dizer-se que há umas mais especiais do que as outras. É dessas que falamos aqui. A maior parte delas não são típicas cervejas do dia-a-dia e muito dificilmente teremos capacidade ou mesmo vontade para beber duas, três ou quatro seguidas, como fazemos com as nossas imperiais. O seu sabor intenso e a forte presença de álcool aconselham a que sejam bebidas com moderação e de modo a podermos usufruir de todas as suas qualidades. São o caso das Abbey Dubbel ou Tripel, das Belgian Strong Ale ou das Imperial Stout. As restantes estão incluídas neste grupo devido ao seu processo de fabrico ser diferente do normal (Ice Beer ou Low-Alcohol) ou por terem ingredientes específicos próprios daquele género (Belgian Witbier ou Berliner Weisse).



Abbey Dubbel - A Dubbel é uma cerveja escura, muito rica em malte e medianamente alcoólica, já que não costumam ultrapassar os 9% ABV. Menos frutada que a Belgian Strong Dark Ale, possui, em contraparida, corpo complexo e uma boa presença de gás. Tal como o nome indica, são cervejas feitas seguindo a tradição de abadias e mosteiros, apesar de haver na actualidade muitas fábricas que tentam imitar essas características com algum sucesso. Acompanham bem queijos, chocolates, bifes e caça. A experimentar: Corsendonk Pater (Abbey Brown Ale); St. Feuillien Brune; Westmalle Dubbel.

Abbey Tripel - A expressão Tripel ou Triple refere-se a uma parte do processo de fabricação da cerveja no qual o mestre cervejeiro utiliza, aproximadamente, três vezes mais malte do que uma cervaja trapista "simples". Tradicionalmente, são de cor amarelo-claro a dourado, isto é, ligeiramente mais escuras do que uma pilsner. A espuma deverá ser grande, densa e cremosa e o volume de álcool oscilará entre os 8 e os 12% ABV. O aroma e o sabor são complexos, com forte presença de frutos, especiarias e álcool. Têm um carácter ligeiramente adocicado que lhes é dado não só pelo álcool, como também pela adição de pequenas quantidades de açucar. Apesar disso, são cervejas muito bem equilibradas devido ao uso criterioso de lúpulo e de fermento. Este é um estilo que aprecio particularmente, até mesmo quando comparado com as Dubbels. No entanto, gostaria de destacar que é preciso um certo cuidado ao beber cervejas deste tipo: o seu excepcional sabor e aroma tornam-as extremamente apetecíves e fáceis de beber. Todavia, não nos devemos esquecer que estamos na presença de uma bebida que pode ter 12% de volume alcoólico pelo que se aconselha alguma moderação quando em presença de uma Abbey Tripel. A experimentar: Tripel Karmeliet; De Dolle Dulle Teve 10º (Mad Bitch); St. Feuillien Triple.

Abt/Quadrupel - Abt ou Quadrupel são os termos utilizados para designar cervejas de abadia ou trapistas extremamente fortes. O nome Abt foi usado pela primeira vez para descrever a Westvleteren e a St. Bernardus, ambas produzidas pelo mosteiro de St. Sixtus. Relativamente ao termo Quadrupel, a La Trappe foi a primeira cerveja a fazer uso dessa expressão. Independentemente destas designações serem frequentemente utilizadas para designar um só estilo, há ligeiras diferenças entre elas. De facto, as Abts são mais escuras e mais ricas, com forte presença de especiarias e frutos. Já as Quads são mais claras tendo, em geral, um sabor menos frutado e complexo. Em comum, têm o facto de possuírem uma forte presença de malte e uma baixa presença de lúpulo. De igual modo, o volume alcoólico é alto em ambos os estilos, ultrapassando com frequência os 10% ABV. A experimentar: Westvletern Abt 12; St. Bernardus Abt 12; La Trappe Quadrupel.


American Wheat - São uma versão americanizada das Hefeweizens sendo que, tal como estas, variam do amarelo-claro até ao âmbar-claro. São cervejas leves, com bom nível de gás e volumosas formações de espuma. Não apresentam um sabor a fruta - nomeadamente a banana - tão forte como as suas congéneres alemãs, sendo que por isso o lúpulo ganha um realce suplementar. Em termos alcoólicos, variam entre os 4,0 e os 7% ABV. São excelentes para acompanhar bifes, queijos e saladas. A experimentar: Three Floyds Gumballhead; Karl Strauss Windansea Wheat Hefeweizen; Sacramento Hefe Weizen.


Belgian Strong Ale - Belgian Strong Ale é um termo genérico que tanto pode designar cervejas claras como escuras. Em geral, são produzidas na Bélgica e têm alto teor de álcool, que pode variar entre os 7 e os 12%. São cervejas complexas, fortes, com bom aspecto (em particular a espuma) e muito saborosas. São igualmente bem equilibradas, já que o elevado teor alcoólico é muito bem balancado com aromas e sabores a especiarias e frutos. A Duvel, uma marca bem distribuida e, portanto, existente nalguns supermercados portugueses, é uma referência neste estilo, pelo que se tiver oportunidade de experimentar, não hesite. Curiosamente, o nome Duvel - uma referência ao diabo - foi também imitado por muitas outras marcas surgindo então a Satan, a Judas, a Belzebuth, a Lucifer, entre outras. A experimentar: Duvel; Bush Ambrée; Affligem Blond.

Belgian Witbier - Trata-se de um estilo de cerveja bem antigo, com mais de 400 anos de idade e que quase tinha desaparecido na década de 50 do século passado. Felizmente, a fábrica Hoegaarden reavivou o estilo, muito por influência de Pierre Celis. Desde então, a popularidade das Witbiers belgas tem crescido constantemente pelo que é habitual surgirem com frequência novos produtos no mercado. São de cor bastante pálida, opacas e bastante refrescantes, característica que lhes são transmitidas pelo trigo e também pelos sabores a limão e casca de laranja que costumam apresentar. Sâo excelentes para acompanhar queijos ou mexilhões. As Witbier são um género frágil e não muito dado a grandes envelhecimentos, pelo que quanto mais novas e menos manuseadas, melhor. A experimentar: Hoegaarden White; Brugs Tarwebier; Celis White.

Berliner Weisse - Bastante amargo e com forte sabor a trigo, o estilo Berliner não é muito alcoólico, apesar de possuir um carácter bem vincado. De facto, a acidez costuma ser tão alta que é frequente os produtores utilizarem xaropes de fruta ou outros adoçantes para cortar essa característica. É claro que os mais puristas preferem beber este estilo ao natural, isto é, sem adição de açucar ou de qualquer outro produto. Asim tomada, torna-se uma cerveja complexa, multi-facetada e extremamente refrescante. A experimentar: Dieu du Ciel Solstice d'Été aux Framboises; Schultheiss Berliner Weisse Original; Berliner Kindl Weisse.

Bière de Champagne/Bière Brut - Estilo muito recente e bastante interessante, as Bière de Champagne apresentam um grande potencial dentro da indústria cervejeira, já que são produtos da gama elevada, com excelente apresentação e que funcionam como ponte de ligação entre a cerveja e o champanhe, dando assim origem a um artigo de luxo. A sua produção iniciou-se na Bélgica país que, de facto, é a origem de muitos dos melhores estilos de cerveja. São sujeitas a longos processos de maturação e, algumas, chegam mesmo a ser envelhecidas em caves na região de Champagne, passando então pelo "methode de champenoise", processo em que o fermento é removido da garrafa. Muito delicadas, com alto teor de álcool e de gás, costumam apresentar-se em garrafas idênticas às de champanhe, com rolha, arame e, por vezes, dentro de caixas. A experimentar: DeuS (Brut des Flandres); Malheur Bière Brut (Reserve); Wieckse Brut.

Dry Stout - É um dos estilos mais comuns de Stouts, sendo muitas vezes também denominado de Irish Dry Stout. Na maior parte dos casos, são cervejas algo leves e menos complexas que outros géneros de Stouts, sendo assim fabricadas para poderem ser consumidas em massa. Tal como se pode observar num típico bar irlandês, são servidas de uma forma especial, usando nitrogénio, para que possam ganhar uma espuma durável e extremamente cremosa. No entanto, tal retira-lhes algum aroma e sabor, bem como gás. Possuem uma forte presença a malte torrado e, em menor quantidade, a lúpulo, o que lhes dá uma certa acidez ao sabor. As marcas mais representativas deste estilo são, sem dúvida, a Murphy's, a Beamish e a Guinness, apesar de haver excelentes exemplares de Dry Stouts americanos. A experimentar: Guinness Draught; Beamish Irish Stout; Murphy's Irish Stout.

Dunkelweizen - Variação escura das típicas cervejas de trigo alemãs, as Dunkelweizen mantêm, no entanto, o característico sabor a banana e limão, apesar de também podermos apreciar no palato a presença de chocolate e de cereais torrados, provenientes da adição de malte escuro. São cervejas bastante equilibradas, ficando a meio termo entre as robustas e invernais Weizenbocks e as leves e refrescantes Hefeweizens. Habitualmente, o teor de álcool varia entre os 4,8 e os 5,6%, sendo que a quantidade de gás pode ser elevada, ao contrário do carácter amargo que não é muito substancial. Estas cervejas podem criar algum resíduo, pelo que é aconselhável rodá-las ligeiramente antes de servir. A experimentar: Franziskaner Hefe-Weissbier Dunkel; Victory Sunset Dunkelweizen; Andechser Dunkles Weissbier.

Foreign Stout - A expressão Foreign Stout começou a ser utilizada na Guinness Foeign Extra Stout (FES). Esta, era uma versão mais forte e com mais lúpulo da clássica Guinness Extra Stout, assim produzida para suportar as longas viagens até às antigas colónias britânicas. De facto, a FES ainda existe produzida localmente em muitas dessas antigas províncias inglesas como sejam a Jamaica, o Sri Lanka ou a Nigéria. São produtos de boa qualidade, similares à original, mas que apresentam já algumas características inerentes ao próprio local onde são produzidas. As Foreign Stouts encontram-se a meio caminho entre as Stouts normais e as Imperial Stouts. São mais doces que uma Stout mas menos robustas e complexas que uma Imperial. O volume de álcool pode variar entre os 6 e os 8% ABV. Também podem ser designadas por Export Stout. A experimentar: Guinness Foreign Extra Stout; De Dolle Extra Export Stout; Lion Stout
 
German Hefeweizen - É um estilo de cerveja de trigo (wheat beer ou weissbier) oriundo do sul da Alemanha, com forte presença de frutos no aroma e sabor, nomeadamente banana e maça. O volume alcóolico anda por volta dos 5 a 7%, sendo que as Hefeweizen são bastante refrescantes apesar de não muito ácidas. O prefixo "Hefe" significa algo similar a "com fermento" pelo que estas cervejas se apresentam, em geral, opacas e não filtradas. Se servidas num tradicional copo de Weizen, as Hefe produzem abundante espuma e ficam com excelente aparência. Relativamente a este tipo de cerveja há que ter um aspecto em atenção. É habitual servirem-nas com uma rodela de limão, seja isso para cortar o sabor do trigo ou do fermento. Recuse uma cerveja servida desse modo, pois o limão apenas altera o sabor desta, para além de dificultar a formação de espuma. As Hefeweizen não são propriamente 7 Up's! A experimentar: Franziskaner Hefe-Weissbier; Paulaner Hefeweissbier; Weihenstephaner Hefe Weissbier.

German Kristallweizen - A Kristallweizen é, muito simplesmente, uma Hefeweizen filtrada. Isso faz com que seja uma cerveja clara e límpida, com cores que vão desde o amarelo-claro até ao âmbar-claro. Por vezes, e de modo depreciativo, são conhecidas como as "Hefeweizen castradas". Não partilho dessa opinião apesar de muitos exemplares que podemos encontrar no mercado terem uma certa falta de personalidade. Para além disso, são ligeiramente mais suaves do que as Hefe, com sabor e aroma mais atenuados. Acompanham bem saladas e pratos vegetarianos. A experimentar: Tucher Kristall Weizen; Allgauer Furstabt Kristallweizen; Weihenstephaner Kristallweissbier.

Ice Beer - A elaboração da Ice Beer implica baixar a temperatura da cerveja até que se comecem a formar cristais de gelo. Posteriormente, o líquido é filtrado e, como a água congela antes do álcool, o resultado é uma bebida com maior teor alcoólico. Como o gelo também se forma à volta das células do fermento e das partículas de proteínas, estas ficam igualmente retidas na filtragem sobrando, no fundo, uma cerveja com menos componentes mas, teoricamente, com mais sabor e volume alcoólico. Este processo não é novo na indústria cervejeira já que as Eisbocks são elaboradas segundo um método semelhante. Contudo, esta corrente moderna de produção e consumo de cervejas Ice foi iniciada pela Labatt, empresa que serviu de exemplo para muitas outras cervejeiras, especialmente norte-americanas. A grande diferença entre uma Eisbock e uma Ice Beer reside no carácter de cada estilo. O problema duma Ice Beer é que nunca será melhor do que a cerveja que lhe deu origem e, infelizmente, as cervejas que são utilizadas para isso nunca são de grande qualidade. Pelo contrário, as Eisbock têm origem em cervejas de qualidade e de forte carácter, pelo que o resultado final continua a ser bastante bom. A experimentar: Labatt Ice; Genny Ice Beer; Carlsberg Ice.

Imperial Stout - Também conhecidas por Russian Imperial Stouts, estas cervejas são consideradas unanimemente como as rainhas das Stouts. A origem do nome remonta à época em que as cervejeiras inglesas elaboravam produtos de forte carácter, com intenso sabor a malte torrado e a lúpulo, destinadas aos países bálticos e à Rússia, onde eram muito apreciadas pela Corte Imperial. Para suportar as viagens, essas bebidas possuíam igualmente um elevado teor de álcool, com percentagens que variavam - e variam - entre os 8 e os 12% ABV. Como características apresentam pouco gás, forte sabor a chocolate e a malte torrado, cor muito escura e grande complexidade. Uma boa Imperial Stout é uma excelente companhia para um prato de queijo, chocolate negro ou melão. Apesar de poder alterar o aroma e sabor da cerveja, pode também experimentá-la com uma boa cigarrilha ou charuto. A experimentar: Three Floyds Dark Lord Russian Imperial Stout; Victory Storm King Imperial Stout; Stone Imperial Russian Stout.

Low Alcohol - As cervejas sem álcool ou de baixo teor alcoólico são uma novidade algo recente no mercado das bebidas, mas com tendência a crescerem em termos de vendas devido às restrições ao consumo de álcool quando se conduz. Na maior parte dos casos, o termo sem álcool não se deveria utilizar pois a maior parte destas cervejas têm uma determinada quantidade alcoólica, apesar da mesma poder ser residual. A obtenção deste estilo pode ser feita de duas maneiras: através de um processo de fermentação e elaboração muito cuidado, onde se evita a formação de álcool ou então utiliza-se um sistema de extracção do álcool da bebida, fazendo esta passar por uma membrana permeável especial. São, no seu global, cervejas muito leves em aroma, sabor e corpo. A característica que as reúne sobre a mesma denominação é o facto de terem menos de 3% ABV. A experimentar: Bitburger Light; Jansen Preta Sem Álcool; Cheers Sem Álcool.

Porter - Muitas vezes confundidas com Stouts, as Porters têm uma personalidade única e muito vincada. De facto, este estilo bastante antigo vem já referido num documento do século XVIII, onde se dizia que as Porters eram o resultado da mistura de três tipos de cerveja: uma Old Ale, uma New Ale e uma Weak One (Mild Ale). Desta combinação resultaria uma bebida a que os ingleses chamavam de "Entire Butt" ou "Three Threads", que tinha como objectivo agradar a um vasto público, grande parte dele constituído por trabalhadores das inúmeras indústrias surgidas após a Revolução Industrial. Apesar do expressivo sucesso que conheceu nessa altura, no início do século XX era quase um estilo em vias de extinção, muito ultrapassado, em termos de consumo, pelas Stouts. O seu regresso só se deu durante os anos 70 e 80 do século passado, altura em que houve um grande surgimento de pequenas industrias produtoras de cerveja artesanal, nomeadamente nos EUA. De cor escura e bastante maltadas, podem possuir um carácter algo doce, mesmo que não muito acentuado. A experimentar: Fuller's London Porter; Samuel Smith's Famous Taddy Porter; Meantime London Porter.

Roggenbier/German Rye Beer - Esta cerveja especial, originária da cidade alemã de Regensburg, na Baviera, é uma variante de luxo das Dunkelweizen que, em vez de utilizar trigo como estas, utiliza malte de centeio, o que as torna distintas e muito saborosas. A aparência vai da cor de cobre até ao castanho e a espuma costuma ser volumosa e algo duradoura. Relativamente ao álcool, não é muito pronunciado, variando entre os 4,5 e os 6% ABV. A característica que mais se salienta neste tipo de cervejas é mesmo o seu sabor a centeio, sendo que por vezes pode parecer que estamos a beber pão liquido! A experimentar: Paulaner Roggen; Burgerbrau Wolnzacher Roggenbier; Schremser Roggenbier.

Stout - Muitas Stouts não se encaixam na definição clássica deste estilo, representada basicamente pelas Irish Stouts e pela mundialmente famosa Guinness. A diferença poderá estar na cor, quantidade de lúpulo ou malte. No entanto, tais alterações não são suficientes para essas que essas cervejas sejam englobadas nas Dry ou nas Imperial. São, na sua essência, simples Stouts. De cor castanho-escuro a preto, sabor a café, chocolate ou cereais torrados, álcool entre os 4 e os 7% ABV e um corpo não muito complexo, são um excelente substituto para aqueles dias em que não lhe está a apetecer beber a tradicional imperial. A experimentar: Freeminer Deep Shaft Stout; Titanic Stout; Super Bock Stout.

Trappiste - As cervejas trapistas não são propriamente um estilo, já que podem ser englobadas nas Abbey Dubbel ou Abbey Tripel ou mesmo nas Quadrupel, conforme a marca e o exemplar que estejamos a degustar. No entanto, sendo este o meu estilo preferido e dadas as limitações impostas a uma cerveja para que possa utilizar o selo trapista, decidi separá-las para ter um pouco mais de espaço para falar delas. As ordens trapistas tiveram origem no mosteiro cisterciense de La Trappe, França. A sua influência alargou-se a muitos outros países europeus, tendo posteriormente surgido novos mosteiros que seguiam as restritas regras desta ordem religiosa. Em 1997, oito abadias trapistas - 6 da Bélgica (Orval, Chimay, Westvleteren, Rochefort, Westmalle e Achel), 1 da Holanda (Koningshoeven) e 1 da Alemanha (Mariawald) - fundaram a ITA (International Trappist Association), com o propósito de definir as regras do estilo e proteger o nome do uso abusivo por parte de outras marcas. Para isso, esta associação criou um selo que só pode ser utilizado pelos produtos que seguem os critérios estabelecidos e que sejam elaborados por monges trapistas, sejam esses produtos queijos, cervejas ou vinhos. Não me querendo alongar muito mais, já que o objectivo deste espaço não é explicar todos os aspectos de todos os estilos de cerveja mas apenas fazer uma breve introdução as características que os permitem diferenciar, deixo aqui este link que explica sucintamente este estilo, as sua origens e história recente. A experimentar: Orval; Chimay Blue; Westvleteren Abt 12; Westmalle Tripel; Achel 8 Blond; Rochefort Trappistes 10.

Weizenbock -  Basicamente, é uma Dunkel Weizen mais forte (em teoria, tão forte como uma Bock), com boa presença de álcool e especiarias e, logicamente, maior sabor a malte, factor que contribui para a sua cor escura. A sua origem remonta à cervejeira alemã Schneider & Sohn que, em 1907, criou uma doppelbock de trigo mais forte e saborosa, a Schneider Aventinus. Esta excelente cerveja, ainda disponível nos dias que correm, possui todas as características que formatam este estilo, sendo por isso o farol de referência para todas as outras Weizenbock. Relativamente aos ingredientes, utiliza-se uma grande percentagem de trigo maltado (segundo a lei alemã, tal cereal deverá corresponder a 50% do total, apesar de, em certas marcas, tal chegar aos 70%). O restante é composto por malte de cevada. O volume de álcool varia entre os 6,5 e os 8%. A experimentar: Schneider Aventinus; Hacker-Pschorr Weiss Bock; Erdinger Pikantus.


Cervejas Excêntricas

O que acha de cervejas a saber a vinagre ou a framboesa? E que tal cervejas que apenas são produzidas no Natal ou em Outubro, difíceis de encontrar em qualquer outra época do ano? E estilos quase em vias de extinção, apenas com três ou quatro marcas ainda disponíveis? Muitos outros exeplos existiriam para lhe explicarmos o porquê de considerarmos os tipos de cerveja abaixo listados como excêntricas. Não nos alongaremos muito nesta introdução pois a descrição de cada um dos estilos será suficiente para se aperceber das características muito espécificas de cada um deles. O único conselho que lhe deixamos é o de manter o espírito aberto ao experimentar qualquer um destes estilos. Poderá vir a beber cervejas com sabor a cereja, hortelã-pimenta ou até chocolate!



Barley Wine - Apesar do nome, a Barley Wine é uma autêntica cerveja, forte e intensa. De facto, faz parte dos estilos de cerveja mais fortes. Viva e frutada, por vezes doce, por vezes ácida, é, no entanto, sempre altamente alcoólica. Uma cerveja com esta força e complexidade pode ser um desafio para o palato. A sua cor varia entre o âmbar e o castanho escuro, sendo que os aromas vão desde o frutado até ao carácter acentuado do lúpulo. É uma cerveja espessa, onde o álcool é facilmente perceptível, apesar dos sabores a fruta, resina ou lúpulo que o acompanham. Apresenta um volume alcoólico entre 7% e 12%. As variedades inglesas de Barley Wine são bem diferentes das americanas, já que estas últimas costumam ter um sabor mais marcado a lúpulo (por vezes em demasia!), sendo que as inglesas apresentam um melhor equilíbrio entre malte e lúpulo. A maior parte das Barley Wine podem ser conservadas e envelhecidas, como se de um bom vinho se tratassem. A experimentar: AleSmith Barrel Aged Old Numbskull; Victory Old Horizontal; Dogfish Head Olde School Barleywine.

Bière de Garde - Bière de Garde, ou cerveja para guardar, é um estilo pouco comum, sendo que em Portugal é mesmo inexistente. A sua cor varia entre o amarelo dourado e o castanho-claro, possuindo um aroma maltado e um sabor ligeiramente doce e caramelizado também devido ao malte, com alguns exemplares a apresentarem alguma acidez devido à presença do lúpulo. A presença do álcool é evidente, havendo a possibilidade de se encontrar alguns sabores a fruta. O volume alcoólico varia entre 6% e 8% e é uma cerveja que melhora com a idade. A experimentar: Southampton Bière de Garde (French Country Christmas Ale); Jolly Pumpkin Bière de Mars; Dupont La Bière de Beloeil.

Bitter - As Bitter surgiram como uma reacção das cervejeiras à proliferação de produtos sem personalidade e meramente comerciais. Na sua maioria, possuem uma cor que pode ir do amarelo-dourado até ao âmbar, pouco gás e um forte sabor azedo. Curiosamente, esta última característica não lhe é transmitida pelo lúpulo, que não é muito intenso neste tipo de cervejas. O aroma é algo frutado, bem como o sabor, sendo que o volume de alcool costuma ser baixo (entre 3% e 5%) e pouco perceptível. São excelentes para acompanhar bifes e marisco. A experimentar: Oakham Raucous Reindeer; Dark Star Golden Gate; Coniston Bluebird Bitter.

Black & Tan - Este termo aplica-se a produtos em que a cervejeira misturou, antes do engarrafamento, uma ale escura com uma ale mais clara ou mesmo com uma lager, algo que aqui em Portugal se designa por uma mista. Por esta breve explicação nos apercebemos que não se trata de um estilo clássico ou convencional. Foi, antes sim, o fruto da busca incessante das cervejeiras por criar produtos modernos e que estejam de acordo com as novas tendências, verificadas nos cafés e bares onde é habitual as pessoas pedirem para misturar uma cerveja clara com uma cerveja mais escura. A experimentar: Saranac Black & Tan; Mississippi Mud Black & Tan; Berkshire Shabadoo Black and Tan.

Chile Beer - As Chile Beer são outro estilo moderno e em franca expansão. Podem ser ales ou lagers às quais foi adicionado um elemento picante, proveniente de pimentas ou malaguetas. O mais comum é esse picante ser fornecido pelos jalapenos, ingrediente muito utilizado na cozinha mexicana. Apesar de divertidas, é raro encontrarmos um resultado final que seja satisfatório, isto se pensarmos em termos de qualidade da cerveja. A experimentar: Rogue Chipotle Ale; Winkoop Patt's Chile Beer; Rock Bottom Cinco de Mayo. 
                     
Cider - Não sendo propriamente uma cerveja, fazemos aqui referência à Sidra por ter um processo de produção muito semelhante. Feita de sumo de maçã fermentado, o seu sabor e aparência variam muito, consoante o local onde são produzidas. As Sidras inglesas são secas, frutadas e possuem pouco gás, enquanto as que são elaboradas na Normandia são mais doces e efervescentes. Os Estados Unidos e o Canadá são também dois países onde existe uma boa produção deste tipo de bebida. Infelizmente, é relativamente fácil elaborar bebidas parecidas com sidra, mas que pouco ou nada têm a ver com estas, já que possuem muito açucar e aromas falsos. A experimentar: La Face Cachée de la Pomme Frimas Ice Cider; Cidre Dupont Réserve; Rubis de Glace.

Flemish Sour Ale - Este é um estilo muito peculiar pelo qual, confesso, não nutro grande simpatia. Não quer isto dizer que as Flemish Sour Ale não sejam cervejas de qualidade. Muito pelo contrário: é habitual encontrá-las extremamente bem classificadas em livros e sites que se dedicam à avaliação de cervejas. Todavia, o seu sabor ácido e, em geral, avinagrado, está bem longe do sabor que eu espero encontrar numa cerveja que considero boa. Apesar de tudo, acredito que com o tempo se possa aprender a gostar deste estilo. Podem variar entre o vermelho e o castanho, com álcool entre os 4% e os 8%, sendo que o seu forte sabor a vinagre e fruta lhes é conferido por um fermento especial. São cervejas bastante complexas, produzidas segundo métodos muito antigos, estagiam algum tempo em cascos de carvalho e o resultado final é, habitualmente, o resultado da mistura de cervejas novas com outras mais antigas. A experimentar: Panil Barriquée; Rodenbach Grand Cru; Liefmans Goudenband.

Fruit Beer - Esta designação aplica-se quer a ales, quer a lagers, desde que sejam feitas a partir de fruta. A cor, aroma, sabor e outras características variam muito, pois dependem da fruta que é utilizada na sua confecção. Que me recorde, já bebi Fruit Beers de ameixa, maracujá, cereja, framboesa, entre muitas outras. Em comum, têm o facto de serem cervejas com baixo volume alcoólico e que devem ser servidas muito frias (e preferencialmente no Verão), já que têm tendência de se tornarem algo doces. A experimentar: New Glarus Belgian Red; Chapeau Mirabelle; Floris Ninkeberry.


Gose - Um estilo predominantemente alemão, com grandes e antigas tradições na cidade de Leipzig, caracteriza-se por ser uma cerveja fresca, loura e opaca. As Gose são cervejas de trigo, não filtradas, extremamente refrescantes e, acima de tudo, muito raras. Em termos comerciais apenas conheço duas marcas que ainda vendem este estilo e, infelizmente, trazê-las para Portugal é pouco menos que impossível. A experimentar: Bayerischer Bahnhof Original Leipziger Gose; Bauer Goedeck Dollnitzer Ritterguts Gose; Draught House Gose.


Happoshu - Tipicamente produzida por cervejeiras japonesas, a Happoshu é uma bebida de malte altamente gaseificada. Não sendo propriamente uma cerveja, é taxada de maneira diferente desta última, pelo que se torna um produto ainda mais acessível em termos económicos, sendo que isso explica o seu alto grau de sucesso no país de origem. Para tornar a bebida ainda mais barata, é habitualmente vendida em lata. A experimentar: Gokunama Happoshu; Namashibori; Draft One


 
Kvass - É uma bebida típica da Rússia e de muitos países do leste europeu, cujas origens remontam ao século XVI. Não se podendo considerar propriamente uma cerveja, mas sim algo muito similar, a Kvass é elaborada a partir de cereais - centeio, cevada, trigo, etc - aos quais é habitual juntar-se açucar, bagas ou frutos. É, basicamente, a fermentação de qualquer coisa que se tenha à mão com fermento simples de padeiro, o que dá uma bebida agradável, barata e de baixo teor alcoólico (entre 0.5% e 2.5% ABV). A experimentar: Kimmel Maizes Kvass; Portsmouth Kvass Rye Ale.


Lambic-Faro - A Faro é uma mistura de lambics à qual é adicionado açucar, de modo a que se torne mais leve, doce e saborosa. Podem ser "condimentadas" com pimenta ou casca de laranja, apesar destes géneros não terem grande aceitação. Tornam-se, em geral, demasiado doces, pelo que se aconselha a servi-las bem frescas e acompanhadas com algo salgado. Pode-se dizer que é mais um aperitivo do que propriamente uma cerveja. A experimentar: Drie Fonteinen Faro; Cantillon Faro; Lindemans Faro.



Lambic-Fruit - Na maior parte das vezes apenas designada por Lambic (sem o fruit), este tipo de cerveja é muito peculiar, não só pelo processo de fabrico, como pelo facto de ser um dos estilos mais antigos e mais complexos ainda hoje em produção. De facto, à cerveja inicial são adicionadas frutas inteiras depois da fermentação espontânea ter começado. A fermentação é feita por fermentos e microorganismos que se encontram nas caves onde estas cervejas são produzidas, sendo que as fábricas se encontram, maioritariamente, na região à volta de Bruxelas. Conta-se que as caves que albergam Lambics nunca são limpas, para não alterar o equilíbrio dos bolores, tão essenciais ao processo de desenvolvimento da cerveja. Posteriormente ao início do processo de fermentação, as Lambics são envelhecidas em barris de madeira por períodos que vão de um ano até três. Quanto à fruta utilizada, as mais comuns são as Kriek (cerejas), Framboise (framboesas), Pêche (pêssego) e Cassis (groselhas pretas), apesar de, actualmente, existirem muitas novas marcas que utilizam frutos exóticos. Relativamente ao sabor, o destaque vai, obviamente, para a fruta, notando-se pouco o sabor do malte ou do lúpulo. O nível de álcool também é baixo, não ultrapassando, em geral, os 5%. As Lambics feitas pelo método tradicional são designadas por "Oud", sendo mais ácidas do que as Lambics mais novas, mais viradas para as vendas e por isso mais doces e balanceadas. A experimentar: Cantillon Lou Pepe Pure Kriek; Drie Fonteinen Schaerbeekse Kriek; Girardin Framboise.


Lambic-Gueuze - A Gueuze é uma lambic tradicional, feita a partir da mistura de lambics novas com velhas e sem a adição de fruta. As lambic mais velhas têm um carácter refinado, o que ajuda a retirar alguma aspereza às lambics novas, assegurando também que não se irá sentir nenhum sabor indesejado, fruto da fermentação expontânea característica deste estilo. Na sua maioria são filtradas e algumas chegam a ser pasteurizadas. Após o engarrafamento, podem passar por um períodode envelhecimento que, em algumas marcas, chega atá aos 3 anos. Acima de tudo, as Gueuze são estruturalmente muito complexas, secas e únicas, podendo os melhores exemplos deste estilo ombrear com um bom champanhe sem qualquer tipo de vergonha! A experimentar: Oud Beersel Oude Geuze; Drie Fonteinen Oude Geuze; Cantillon Goldackerl Gueuze.


Lambic-Unblended - Podemos considerar as Unblended como as Lambic no seu estado mais puro. Raramente comercializadas, a sua degustação só é possível junto dos produtores de Lambics, que realizam provas de cervejas e visitas guiadas às suas explorações. Um dos poucos casos que conheço de uma Unblended que é comercializada vem da firma Cantillon e que excelente exemplar este é: a Cantillon 1900 Bruocsella Grand Cru. As Unblended são muito susceptíveis e as suas características podem variar de barril para barril, mesmo que estejam lado a lado! Também são envelhecidas, por forma a reduzir a sua natural acidez e há produtores que gostam de lhe misturar frutos para as tornarem mais acessíveis ao gosto comum. Têm sabores próximos das cidras e do vinho branco, sendo quase nula a presença de lúpulo. Podem variar entre 3% e 6% ABV. A experimentar: Cantillon Jonge Lambic Cognac; Iron Hill Lambic; De Cam Oude Lambiek.


Mead/Hidromel - Tal como a sidra, as Mead não são cervejas, apesar de também passarem por um processo de fermentação. De carácter forte e alcoólico, utilizam o mel para ajudar a fermentar e o seu sabor é-lhes dado pela adição de frutos ou cereais, sendo que neste último caso tomam a designação de Braggots. Existem ainda outros estilos como o Fruit Melomel e o Metheglin. A experimentar: Apis Poltorak Jadwiga; Dansk Mjod Vikingernes Mjod; Triumph Honeymoon Braggot.


Oktoberfest/Marzen - Antes da refrigeração artidficial, era quase impossível produzir cerveja no Verão, devido às altas temperaturas e às infecções bacterianas que deturpavam as cervejas. Desse modo, a produção acabava na Primavera e só recomeçava no início do Outono, pelo que Março (Marzen) era um mês de grande importância. Estas cervejas eram produzidas de modo a que aguentassem o calor do Verão sem perder as suas qualidades, sendo que para isso eram armazenadas em locais secos e frios. Em termos de aspecto, têm cores que variam do âmbar até ao acobreado, enquanto que o aroma e o sabor revelam  forte presença de malte, o que lhes dá uma característica doçura. A presença do sabor do lúpulo é pequena, pelo que não se trata de uma cerveja com tendências muito azedas. O álcool varia entre os 4% e os 7%. O nome Oktoberfest refere-se à grande festa da cerveja que tem lugar todos os anos em Munique e onde a cerveja rainha é a Marzenbier. A experimentar: Paulaner Oktoberfest Marzen; Alley Kat Ein Prosit!; Burgerbrau Wolnzacher Oktoberfest-Bier.


 
Premium Bitter - As Premium Bitter, também conhecidas por ESB (Extra Strong/Special Bitter) tiveram origem na grande concorrência que havia neste sector das cervejas, facto que levou ao desenvolvimento de exemplares cada vez mais fortes, quer em sabor, quer em volume alcoólico, chegando a atingir os 7% ABV - Average alcohol by volume. Possuem cor dourada a acobreada, pouco gás e sabor intenso a malte torrado, podendo-se também notar a presença de frutas. A designação ESB é mais utilizada nos EUA, devido à influência da Fuller's ESB, uma das primeiras cervejas a ser exportada para este país. A experimentar: Shlafly Winter ESB; Fullers ESB; Wells Bombardier.


Pumpkin Ale - Muitas vezes lançadas como bebida outonal, as Pumpkin Ale (Ale de abóbora) podem ser muito variadas. Há produtores que optam por adicionar pedaços de abóbora à mistura, enquanto outros usam puré ou simplesmente aromas. É também usual utilizar outros sabores para condimentar estas cervejas: gengibre, cravo-da-Índia, canela, entre outras especiarias. São cervejas de difícil produção e que podem levar um mestre-cervejeiro à loucura. É claro que existe aqui um pouco de exagero mas é comum contarem-se histórias de produtores que andaram à procura de uma receita de qualidade durantes largos anos, ao fim dos quais não tinham obtido qualquer sucesso. Os resultados são, em geral, algo doces e com um elevado teor alcoólico. A minha experiência mais recente foi a 'T Smisje Halloween, uma cerveja com 9% ABV, algo doce mas extremamente agradável. A experimentar: Great Pumpkin Ale; Smuttynose Pumpkin Ale; Post Road Pumpkin Ale.


Rye Beer - Não se devendo confundir este estilo com as Roggenbier germânicas, as Rye Beer (cervejas de centeio) têm a predominância do sabor deste cereal nas suas características. Outros ingredientes são utilizados, mas o forte carácter do centeio dá a este tipo de cerveja uma grande personalidade. Apesar disso, a procura não é, em geral, grande, pelo que a oferta deste tipo de cerveja é um pouco limitada. A experimentar: Founders Red's Rye; Johnny "Blood" McNally Red Ale; Carlsberg Semper Ardens Winter Rye.


Sahti - É considerado um dos estilos mais antigos da Europa Ocidental, com raízes na Finlândia e tipicamente de origem caseira. Começou a ser produzida no início do século XVI por camponeses e o método de elaboração actual não foge muito ao que era naquela época. O resultado final fica próximo das German Hefeweizens apesar de, em termos de produção, assemelharem-se mais às Lambics belgas por serem fermentadas por bactérias e elementos existentes na atmosfera. A experimentar: Lamin Sahti; Finlandia Sahti; Goose Island Sahti.




Saison - Típica cerveja caseira, as Saison eram produtos elaborados no Inverno para consumo no Verão, dadas as dificuldades de refrigeração já aqui faladas. Sendo um estilo complexo, não muito ao gosto comercial, tem vindo a sofrer de algum esquecimento, com o fecho de pequenas explorações que se dedicavam à sua produção. Possuem aroma e sabor frutado (habitualmente de citrinos), sendo que a adição de várias especiarias e ervas lhe dá um carácter meio-seco e ligeiramente ácido. Muito frescas e com bastante gás, acompanham bem refeições condimentadas, queijos e carnes em geral. A experimentar: Southampton Saison; Fantôme Saison; Saison Dupont Vieille Provision.

Spice/Herb/Vegetable - Neste grupo podemos incluir qualquer lager ou ale produzidas a partir de ervas, especiarias ou vegetais, sendo que o sabor adicionado costuma ser bem perceptível quer no aroma, quer no sabor. A grande diversidade de ingredientes que podem ser utilizados faz com que a cor, aroma, sabor, textura e volume alcoólico variem substancialmente de marca para marca. De facto, há indústrias cervejeiras que na ânsia de inovar, são capazes de atirar qualquer coisa para dentro da mistura, desde gengibre a abóbora, passando por canela, nozes e pimenta. É um estilo de cerveja jovem e fresco, não aconselhado para aqueles que acham que cerveja tem de ser "loura e estupidamente fresca". A experimentar: Baladin Nora; Traquair Jacobite Ale; Craftsman Triple White Sage.


Winter Warmer - Cerveja tipicamente de Inverno, doce e maltada, é uma das favoritas dos conhecedores para os aquecer nas noites frias dessa estação. A presença do lúpulo não é muito pronunciada, apesar do seu carácter ser, por vezes, perceptível em determinadas marcas. O teor de álcool varia entre 6% e 8% ABV. A experimentar: Hitachino Nest New Year Celebration Ale; Samuel Adams Winter Lager; Avery Old Jubilation Ale.


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