Tipos de Cerveja
As Ale
São várias as classificações que se podem escolher para
diferenciar os diferentes tipos de cervejas. Há quem prefira classificá-las pelo
tipo de fermentação, sendo que, deste modo, se formam dois grandes grupos: as
Ale (cervejas de alta fermentação ou fermentação no alto) e as Lager (cervejas
de baixa fermentação). É claro que dentro de cada um destes grupos há muitos
subgrupos, havendo mesmo algumas cervejas que não se encaixam bem quer num, quer
noutro grupo.
Outros itens que permitem classificar as cervejas podem
ser: a sua cor (clara ou escura); o teor alcoólico (sem álcool, de baixo, médio
ou alto teor alcoólico); ou ainda o teor do extrato primitivo, sendo que neste
caso as podemos dividir em fracas, normais, extras e fortes.
Por ser a mais difundida e por nos parecer a mais
correcta, adoptaremos a divisão que habitualmente é feita tendo por base o
processo de fermentação. Assim sendo, falaremos das Ale, das Lager e criaremos
um terceiro e quarto grupos a que chamaremos de Cervejas Especiais e Cervejas
Excêntricas. Estas últimas podem-se enquadrar em qualquer uma das anteriores categorias, mas preferimos
separá-las por possuírem características específicas como, por exemplo, um
fermento exclusivo ou serem produzidas numa altura específica do ano, entre
outras pequenas grandes diferenças. Não abrangendo todos os estilos possíveis, o
diagrama
abaixo dá uma boa
ideia da divisão que aqui referimos.
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Comecemos pois pelas cervejas do tipo Ale. Como
referimos, o que difere basicamente uma cerveja Ale de uma Lager é o processo de
fermentação – alta na Ale e baixa, na Lager. No caso das Ale, a fermentação
dá-se num ambiente de temperatura relativamente alta, entre 15º a 24º ou mesmo
mais, e isto num período de tempo curto, que rondará os três a cinco dias. Na
fase de alta fermentação a levedura sobe à superfície, sendo que o tipo de
levedura utilizada é a Saccharomyces cerevisiae. Este processo é o mais antigo,
daí que as cervejas do tipo Ale fossem as únicas disponíveis até meados do
século XIX, altura em que foi inventada a baixa fermentação.
Este processo de alta fermentação ou fermentação a quente,
realça os sabores mais complexos, frutados e lupulados da cerveja. São pois, em
geral, cervejas mais encorpadas e vigorosas sendo que, apesar disso, podem
variar muito de uma marca para outra, com características que vão desde o doce
ao amargo e das claras às escuras.
Pelo que atrás ficou dito, não é de estranhar que dentro das Ale surjam muitas
variações das quais podemos destacar: as Barley Wine; as Bitter; as Blonde Ale;
as Brown Ale; as Indian Pale Ale; as Mild Ale; as Pale Ale; as Porter; as
Scottish Ale e as Strong Ale. Outros tipos existirão mas estes são os mais
comuns e os mais consumidos.
De um modo mais específico,
podemos pois considerar os seguintes tipos (clique nas imagens se quiser ver as
fotos em tamanho maior):
Altbier - Uma especialidade de Dusseldorf, a Altbier é uma cerveja
de cor castanha, habitualmente oriunda da Alemanha. Sabendo que "alt" significa
literalmente velho em alemão, esta designação aplica-se-lhe devido à capacidade
que esta cerveja tem para envelhecer durante mais tempo do que seria normal para
outros estilos. É uma cerveja bem balanceada e delicada, com boa presença de
frutas e grande equilíbrio entre malte e lúpulo e uma presença mediana de gás. A
Sticke é uma versão mais forte das Altbier, com maior presença de malte e
lúpulo. A experimentar:
Schlosser Alt;
Uerige
Doppel Sticke;
Widmer
Brothers Winternacht.
Amber Ale
-
Sendo esta uma designação muito genérica, as Amber Ale podem variar desde
produtos sem grande interesse e caramelizados, a cervejas como uma boa
quantidade e balanço entre malte e lúpulo. Habitualmente, a diferença entre uma
Amber Ale de qualidade e uma Ameriacan Pale reside no facto da primeira poder
ter um carácter mais escuro devido ao malte utilizado, tendo em contrapartida
menos lúpulo. A experimentar:
Mac and Jacks African Amber
Ale;
New
Belgium Fat Tire;
Troegs HopBack
Amber Ale.
American Pale Ale -
As American Pale Ale são cervejas claras, que vão desde o amarelo dourado até
à cor de cobre. O estilo desta cerveja é definido pelo lúpulo de origem
americana que nela é usado, transmitindo este, em geral, um forte aroma à
cerveja bem como uma relativa acidez. Esta é uma excelente cerveja para
acompanhar refeições ligeiras como pizzas e hambúrgueres, bem como sushi e
saladas. A experimentar:
Three Floyds Alpha King;
Flying Dog Doggie Style Classic Pale Ale;
DuClaw Venom Pale Ale.
American Strong Ale - Este é um estilo muito abrangente, que engloba uma grande
quantidade de cervejas fortes com volume alcoólico superior a 7% e oriundas dos
EUA. Muitas delas são parecidas com as English Strong Ale, apesar de,
habitualmente, possuirem um maior teor de lúpulo. Independentemente das suas
origens e das suas características, são no seu todo cervejas fortes, com grande
presença de malte, lúpulo e, obviamente, álcool. A experimentar:
Oggis Hop
Whompus;
Stone
Arrogant Bastard Ale;
Bear Republic Hop Rod Rye Ale.
Baltic Porter - Durante o século XVIII, as Porters eram bem mais fortes do
que o são hoje em dia, sendo que facilmente ultrapassavam os 7% de volume de
álcool. Muitas cervejeiras inglesas faziam mesmo produtos mais fortes destinados
à exportação, tendo como principal mercado os países em redor do Mar Báltico.
Estas cervejas eram derivadas das Porter inglesas mas tinham também algumas
influências das Russian Imperial Stouts, pelo que por vezes podem ser
identificadas como Imperial Porters. É um estilo muito complexo,especialmente o
sabor, com presença de chocolate e malte torrado, elaborado com lúpulo
continental e malte de Viena ou de Munique. Apesar de tudo, é uma cerveja não
muito pesada devido a uma boa presença de gás. A experimentar:
Koff Porter;
Baltika 6 Porter;
Carnegie Porter.
Belgian Ale - Com raízes que remontam a meados do século XVIII, as
Belgian Ale atingiram o seu estado de perfeição a seguir ao fim da 2ª Guerra
Mundial. Actualmente são consideradas uma cerveja para todas as ocasiões, por
oposição às Belgian Strong Ales, suas "parentes". Neste estilo nada deve ser
muito pronunciado: o equilíbrio entre os diversos elementos é a chave do
sucesso. Podem ir de um amarelo dourado até à cor de cobre, boa presença de
frutas, malte e especiarias tanto no aroma como no sabor. Têm espuma branca,
cremosa e não muito duradoura. A experimentar:
Palm Speciale;
Vieux-Temps;
Ommegang Rare Vos.
Brown Ale
-
São cervejas com bastante sabor, forte presença de lúpulo e muito habituais em
pequenas explorações ou mesmo em produções caseiras. São similares às American
Pale e American Amber Ales, diferindo destas por terem uma componente mais forte
de caramelo e chocolate, que servem para equilibrar o lúpulo e o final algo
amargo. A cor varia entre um castanho-avermelhado a castanho escuro e a espuma
deverá ser creme e não muito duradoura. Possui menos
álcool que uma Porter e tem, em geral, um sabor complexo e bem balanceado.
Acompanha bem sobremesas, carnes e queijos. A experimentar:
Samuel Smith's Nut Brown Ale;
AleSmith Nautical Nut Brown Ale;
Scotch Irish Corporal Punishment.
Cream Ale -
As Cream Ale são uma versão ale das lagers americanas e surgem para combater no
mesmo mercado que estas. São de aspecto claro e límpido, de corpo leve, forte
presença de gás e com pouca ou nenhuma sensação de lúpulo quer no
aroma, quer no sabor, o que faz com que tenham uma acidez média a reduzida. Por
vezes pode-se saborear milho, que é misturado pelas cervejeiras em detrimento do
uso de malte ou lúpulo. A experimentar:
Northern Cream Ale;
Portsmouth Cream Ale;
Wisconsin Whitetail Cream Ale.
English Pale Ale - O termo pale foi inicialmente usado para distinguir as
cervejas deste tipo das Porter de Londres que eram mais fortes e escuras. De
facto, as English Pale Ale clássicas não são muito claras, antes apresentando
uma cor que varia entre o dourado e que pode ir até ao âmbar ou acobreado. A
grande diferença deste estilo para as American Pale Ale será uma maior presença
de malte no seu carácter, apesar das características amargas e secas do lúpulo
também estarem presentes. São por isso excelentes para acompanhar qualquer tipo
de prato de carne, desde bifes a pato, frango ou cabrito. Curiosamente, este
estilo é, em termos de designação, practicamente inexistente para os ingleses
pois para eles, uma English Pale Ale não passa de uma Bitter engarrafada. A sua
origem deve ser procurada nos EUA, local onde este estilo tem muita procura e
que, de certa forma, presta homenagem às Bitter inglesas, nomeadamente à mais
conhecida: a Bass. A experimentar:
Jamtlands Pilgrim;
Smuttynose Shoals Pale Ale;
Herslev Bryghus Pale Ale.
Golden/Blonde Ale - É um estilo muito genérico e com bastantes variantes. Uma
das formas habituais será a tradicional Canadian Ale, muito parecida com a
American Pale Ale, quer nas qualidades, quer principalmente nos defeitos: pouco
malte e lúpulo, utilização de outros cereais menos nobres como arroz ou milho e
um sabor e aroma muito neutrais. A interpretação britânica possui mais lúpulo e
menos álcool que as congéneres norte-ameriacanas, pelo que são mais referscantes
e amargas. São cervejas suaves, com bastante gás, espuma branca e corpo claro e
límpido. A experimentar:
Crouch Vale Brewers Gold Extra;
Redhook
Blonde Ale;
Oakham Bishops Farewell.
Imperial/Double IPA - As Imperial India Pale Ale (IPA) ou Double IPA, são uma
adição recente à paleta de estilos de cerveja. Essencialmente é uma versão
"musculada" duma IPA normal e acredita-se que teve a sua origem no Festival de
Cerveja de Oregon, nos EUA, em 1996, altura em que foi apresentada a Rogue IPA.
O estilo demorou algum tempo a impôr-se mas com a entrada do novo milénio
assistiu-se a uma explosão na sua popularidade, com a apresentação de dezenas de
novos exemplares, muitos deles bastante apreciados pelos conhecedores de
cerveja. É ligeiramente mais escura que uma IPA, devido ao uso de malte em
maiores quantidades, isso se explicando pela necessidade de equilibrar a cerveja
que possui, em geral, quantidades quase absurdas de lúpulo. Tal dá-lhe um
carácter amargo e refrescante, factores que ajudam a encobrir o volume de álcool
que pode variar entre os 7,5% e os 10%. Há exemplares que se designam por Extra
IPA ou Extreme IPA. A experimentar:
Three Floyds Dreadnaught Imperial IPA;
Norrebro Bryghus North Bridge Extreme;
Stone Ruination IPA.
India Pale Ale - Feita para sobreviver às longas viagens entre a Inglaterra
e a Índia, as India Pale Ale têm uma forte componenete de lúpulo, essencial para
conservar a cerveja durante o máximo de tempo que se conseguisse. Curiosamente,
os exemplares americanos conseguem ter um sabor e aroma ainda mais pronunciados
a lúpulo, fruto do gosto dos consumidores desse país. A cor das cervejas deste
estilo varia entre o amarelo dourado e o acobreado, sendo que o sabor é bastante
intenso e refrescante, indicadas portanto para refeições condimentadas como
chili e vindaloo. Infelizmente, o termo IPA é cada vez mais utilizado
indiscriminadamente, sendo possível encontrar versões com menos de 4% ABV, algo
que não se coaduna com a história deste estilo. Diferenciam-se das English Pale
Ale e das Bitters por terem um sabor final com mais lúpulo e menos caramelo e
frutos. A experimentar:
AleSmith IPA;
Stone
India Pale Ale;
Two
Hearted Ale.
Irish Red Ale - As ales vermelhas da Irlanda são cervejas suaves,
equilibradas e leves. A um início adocicado, segue-se o sabor típico do malte e
um fim com cereais torrados, o que lhe dá uma carácter seco. Estas
características podem ser acentuadas e, em consequência, adulteradas se a
cerveja for servida muito fria. A sua cor avermelhada é obtida através da junção
de malte de cevada, sendo que por vezes se utiliza milho, arroz ou mesmo açucar
para suavizar o produto final. A presença de gás não é elevada, bem como a do
álcool: entre 4% e 6% ABV. Eventualmente poderá surgir um exmplar mais forte,
mas esse será mesmo a excepção à regra. A experimentar:
Boulevard Irish Ale;
Kilkenny;
Beamish
Red Irish Ale.
Kolsch - A designação Kolsch está protegida por lei e é exclusiva
de pouco mais de 20 cervejeiras localizadas à volta da cidade alemã de Colónia
(Koln). Servidas num esguio copo chamado de Stange, estas cervejas têm como
curiosidade o facto de não serem boas para passarem por um processo de
armazenamento muito longo. O sabor delicado e frutado tende a oxidar com
facilidade, pelo que se recomenda um consumo rápido após a compra. As regras que
definem este estilo são muito precisas e muitas das marcas que se auto-designam
como klschbiers não o são na realidade. Bastante efervescentes e frescas, são
feitas a partir do melhor lúpulo alemão (dos géneros
Hallertau,
Tettnang, Spalt ou Hersbrucker) e de água bastante leve. A experimentar:
Paffgen Kolsch;
Pyramid Curve Ball Kolsch;
Muhlen Kolsch.
Mild Ale -
Ligeiramente maltada e com pouco sabor e aroma a lúpulo, daí vindo a expressão
Mild, estas cervejas são castanho-escuras e possuem pouco gás bem como pouca
espuma. É um estilo que começa a rarear e, mesmo em Inglaterra, só a encontrará
com facilidade na região das Midlands, perto da cidade de Birmingham. A
experimentar:
Three Floyds Pride & Joy Mild Ale;
Pitfield 1824 Mild Ale;
Bank Top Dark Mild.
Milk/Sweet Stout - Este
estilo de stout de origem inglesa, historicamente conhecido como Milk ou Cream,
devido à utilização de lactose como adoçante, é de cor bastante escura,
tendencialmente doce e possui um sabor com um toque a cereais torrados, o que
faz com que se assemelhe a um expresso açucarado. Curiosamente, a designação
Milk não é permitida em Inglaterra, apesar de ser corrente noutros países. É um
estilo que produz uma espuma muito cremosa e duradoura, sendo que a presença de
gás é baixa tal como o volume de álcool, que ronda os 4 a 6%. A experimentar:
Lion Stout;
Pelican Tsunami Stout;
Guinness Foreign Extra Stout.
Northern English Brown Ale - As ales castanhas inglesas estão divididas em dois sub-estilos que se agrupam de
acordo com considerações geográficas. Mais secas e com mais lúpulo do que as
suas congéneres do sul, diferenciam-se também por terem um sabor mais a frutos
secos e menos a caramelo. Têm cor âmbar escura a castanho-avermelhada, espuma
pequena e pouco duradoura e sabor doce a malte e biscoitos. A experimentar:
Newcastle Brown Ale;
Goose Island Hex Nut Brown Ale;
Samuel Smiths Nut Brown Ale.
Oatmeal Stout - Como muitas
outras stouts, as Oatmeal também são originárias de Inglaterra. Variantes das
Sweet Stout, diferem destas por serem menos doces e por darem mais importância à
utilização de aveia em detrimento da lactose. De cor muito escura, sabor a malte
torrado e aveia, corpo espesso devido ao uso deste último cereal e boa presença
de gás, estas cervejas são bastante suaves e podem dar-nos a impressão que
estamos a beber um chocolate quente ou mesmo um café com com natas açucaradas. A
sua taxa de álcool varia entre os 4,2% e os 5.9% ABV. A experimentar:
Broughton Scottish Oatmeal Stout;
Anderson Valley Barney Flats Oatmeal Stout;
St.
Ambroise Oatmeal Stout.
Old Ale - Mais um tipo de ale tradicional inglesa que é
assim designado por passar por um processo de envelhecimento após a primeira
fermentação - um processo similar às porters clássicas. Têm também a
característica de poderem ser guardadas algum tempo antes de se consumir. A
presença de álcool e o carácter encorpado e complexo, faz com que sejam uma
excelente companhia nas frias noites de Inverno. A experimentar:
Theakston Old Peculier;
Portland Benchmark Old Ale;
Fish Tale Old Woody English Old Ale.
Scotch Ale
- Apesar do nome, não irá encontrar muitos exemplares
deste tipo de cerveja na Escócia. Caso procure
nos Estados Unidos ou no Canadá
terá, com certeza, mais sorte, apesar de aí as poder encontrar com a designação
de Strong Scotch Ale ou Wee Heavy. Este estilo designa cervejas fortes, escuras,
maltadas e que, usualmente, variam entre 6.5 a 8.5% ABV. Têm a particularidade
de serem fermentadas a temperaturas mais baixas do que a maior parte das ales e,
para além disso, possuem um carácter maltado e com pouca presença de lúpulo.
Este facto faz com que sejam cervejas que não são aconselháveis para todo o tipo
de refeições, apesar de as podermos beber como se de uma sobremesa se tratassem.
O álcool têm, em geral, uma presença acentuada no sabor, o que ajuda a
equilibrar um possível excesso de malte e de açucar. A experimentar:
McEwan's Scotch Ale;
Bitter End Whiskey Wee Heavy;
Stoudts Scotch Style Ale.
Southern English Brown
Ale - As Southern English ou "London-Style" são mais
escuras e doces que as variantes do norte. Trata-se de um estilo quase em vias
de extinção e que muitas vezes é confundido ou englobado noutros tipos de
cerveja. O sabor é bastante complexo, característica dada pela forte presença de
malte e de frutos, isto apesar do volume alcoólico ser relativamente baixo:
entre 2,8 e 4,2% ABV. A experimentar:
Mann's
Original Brown Ale;
Dark Star Over the Moon;
Wychwood Hobgoblin.
Traditional Ale - É um estilo muito genérico, habitualmente utilizado para
designar todos aqueles estilos antigos que cairam em desuso mas que devido a uma
onda revivalista começam agora a aparecer nos bares e nas prateleiras dos
supermercados. Dito isto, torna-se bastante difícil definir uma característica
comum a todas as cervejas aqui englobadas. Representam, isso sim, um olhar
saudoso ao passado e um renascer pelas antigas técnicas de produção de cerveja.
A experimentar:
Hair of The Dog Adam;
Bière Darbyste;
Jopen Koyt.
Wood-Aged Beer - Trata-se de um estilo tradicional, raramente utilizado
pelas grandes empresas cervejeiras mas comum em pequenas explorações, onde é
possível guardar a cerveja por longo tempo em barris de carvalho ou em cascos de
outro tipo de madeira. Independentemente da cerveja base que seja utilizada, as
características da madeira e, em caso de terem sido utilizados barris usados, da
bebida que aí tenha estagiado, devem fazer-se sentir quer no aroma, quer no
sabor. Este estilo é muito diversificado tendo em conta que se pode utilizar uma
infinidade de cervejas base, sendo que a única faceta que as une é o
envelhecimento em barris de madeira. A experimentar:
Petrus Aged Pale;
Dominion Oak Barrel Stout;
MacTarnahan's
Oak Aged IPA.
As Lager
As Lager são o tipo de cerveja mais comum,
quer em Portugal, quer no resto do mundo. Tal não que dizer que sejam o melhor
estilo: isso depende muito do gosto de cada pessoa e da facilidade com que se
tem acesso a outros tipos de cerveja. Analisando o que se passa no nosso país,
verificamos que cerca de 75% das cervejas à venda são do estilo Lager e que
estas representam, aproximadamente, 90% do total de vendas. De facto, Lager era
o termo usado para descrever cervejas de fermentação em baixo, quer alemãs, quer
checas, apesar destas últimas serem mais conhecidas por Pilsener. A palavra
deriva do alemão lagern que significa algo como armazenar. Este termo
referia-se ao hábito que se tinha de armazenar este tipo de cervejas em locais
onde a temperatura era muito baixa e isto por longos períodos de tempo, antes de
se passar à fase de consumo propriamente dita.
As suas origens remontam à
Baviera do século XIX, local onde os mestres cervejeiros tinham por hábito guardar os seus
produtos em caves muito frias de modo a lhe darem uma certa maturação. Esses
produtos, as Lagerbier, eram o resultado de anos de desenvolvimento de técnicas
de refrigeração e de utilização de um fermento especial. A principal diferença
desse fermento para o que se utilizava no resto da Europa residia no facto de o
seu depósito ficar no fundo após a fermentação, ao contrário das Ale, cujo
resíduo subia ao topo.
O desenvolvimento das Lager teve um grande
impulso entre os anos de 1820 a 1830, altura em que Gabriel Sedlmayr II the
Younger, familiar dos donos da Cervejeira
Spaten,
viajou pela Europa à procura de técnicas que lhe permitissem desenvolver os seus
dotes de cervejeiro. Ao regressar dessa viagem, ele usou os seus novos
conhecimentos para criar uma Lager mais consistente e estável. Apesar disso, as
Lager desse período ainda eram bem diferentes do produto que conhecemos hoje em
dia, muito por causa da água de Munique, que fazia com que as cervejas ficassem
escuras e "pesadas". Não restem no entanto dúvidas que os progressos de Sedlmayr
foram importantíssimos e tal facto é facilmente perceptível ao verificarmos que
a receita que ele desenvolveu se espalhou rapidamente por toda a Europa. Como
exemplo, refira-se que o seu amigo Anton Dreher utilizou a nova técnica para
melhorar a cerveja Vienense, já que a água da capital austríaca permitia o uso
de um malte mais suave, o que dava à cerveja uma característica cor
âmbar-vermelha.
A nova receita também chegou à Boémia, onde a técnica foi
aperfeiçoada. No ano de 1842, na cidade de
Plzen,
Josef Groll, jovem originário
da Baviera, utilizou um malte diferente do habitual que, em combinação com a
água muito leve da localidade, deu origem a uma cerveja cor de ouro e muito
clara. Esta experiência daria origem à Pilsener ou Pilsner, estilo que
rapidamente se espalhou com grande sucesso pela Europa. Actualmente, a Pilsener
é uma cerveja clara, com um volume pronunciado de gás, sabor a lúpulo e uma
percentagem de álcool que varia entre 3 a 6%. A
Pilsner Urquell (Pilsener Original) é o exemplo típico de uma cerveja
Pilsener. A maior parte das Lager actuais baseiam-se neste estilo, apesar de
terem perdido muito da sua característica acidez.
De um modo mais específico,
podemos pois considerar os seguintes tipos
(clique nas imagens se quiser ver as fotos
em tamanho maior):
American Dark Lager/All-Malt
Lager - Dois estilos muito próximos, caracterizados por
uma cor escura proveniente da junção de malte e por vezes de caramelo, sendo
que, em princípio, as All-Malt apenas utilizam malte na sua concepção, enquanto
que as Dark Lager podem ter a junção de outros cereais. São cervejas leves e com
bastante gás, algo doces, com
pouco carácter, sabor a malte e a caramelo e, curiosamente, aproximam-se mais
das lagers mais claras do que dos estilos de lagers escuras. A experimentar:
Saranac Seasons Best Nut Brown Lager;
Lowenbrau Dark;
Brooklyn Lager.
American Macro Lager - Leves, claras, gaseificadas e aguadas, as lagers
americanas de grande consumo surgiram aquando da criação das grandes empresas
cervejeiras, logo após o fim da Proibição. Não muito amargas, médio-baixo teor
de álcool, pouco sabor e aroma! Aqui, o mais importante é a produção em grande
massa, cortando-se em cereais nobres como a cevada, malte e lúpulo e abusando-se
do milho e do arroz. Pelo menos, o produto final é barato, apesar da qualidade
do mesmo deixar muito a desejar. A experimentar:
Miller High Life;
Pabst Blue
Ribbon;
Molson
Canadian Lager.
Bock - As origens da Bock encontram-se envoltas em grandes
dúvidas. Uma das justificações que se encontrou para o surgimento deste
estilo, prende-se com as prácticas ancestrais dos mosteiros medievais
germânicos, locais onde se
produzia uma cerveja forte e nutritiva que ajudava os
monges a suportar os períodos de jejum, já que durante essas
épocas apenas seria
proibido ingerir comida sólida. Relativamente ao nome, alguns teóricos acreditam
que a palvra Bock é apenas a abreviatura de Einbeck, donde teria surgido Beck e,
mais tarde, Bock. Outros preferem optar por uma explicação mais mitológica e
antiga, referindo que certos povos, procurando o auxílio e a protecção dos
deuses, produziam a sua cerveja apenas durante o signo do Capricórnio, um género
de cabra. Ora como cabra em alemão se diz Bock.... Deixamos ao seu critério qual
a explicação que melhor assenta a este tipo de cerveja. Quanto à cerveja na
actualidade, é substancialmente mais forte do que uma lager, mais robusta, com
uma maior presença de malte e mais escura, podendo chegar a tonalidades
castanhas. O volume de álcool varia entre 5,5% e 7,5%, sendo que o grande
destaque vai para a sua suavidade, transmitida não só pelo malte como também
pelo facto de estagiar alguns meses antes de ser consumida. A experimentar:
Utrechts Bok;
Chouffe Bok 666;
Brasal Bock.
Bohemian Pilsner - A origem deste tipo de cerveja é de simples percepção se
atendermos ao seu nome. De facto, a velha cidade de
Plzen (ou Pilsen) na actual
República Checa, é o berço desta cerveja suave e fresca. As Pilsener (ou
Pilsner, ambas as designações estão correctas) foram inicialmente elaboradas por
guildas de produtores de cerveja daquela cidade da Boémia, isto por volta do ano
de 1840. Actualmente, caracterizam-se por ter uma cor amarela clara a
dourada, bastante límpida, algo amarga devido ao intenso uso de lúpulo e com
aroma e sabor algo frutados ou mesmo florais. Secas no palato e extremamente
refrescantes, têm um volume de álcool que varia entre os 4,5 e os 5,5%.
É, sem dúvida, um dos
estilos mais conhecidos e consumidos do mundo. A experimentar:
Pilsner Urquell;
Budweiser
Budvar;
Starobrno.
California Common/Steam Beer - Este tipo de lager 100% americana é, em geral, produzida
com um tipo especial de fermento que consegue
melhores resultados a temperaturas
mais mornas do que o habitual para uma lager. Esse método teve origem no século
XIX, na Califórnia, onde a refrigeração ainda era um luxo. Deste modo, os
agricultores utilizavam fermento típico de lagers mas a uma temperatura mais
própria para ales, o que lhe dá um carácter singular, com a sua leveza
característica das lagers e um paladar a frutas a tender para as ale. A Anchor
Brewing Co. registou o termo Steam Beer, pelo que, em geral, todas as outras marcas são
referidas como California Common. A experimentar:
Anchor
Steam Beer;
Park City Steamer;
New England Atlantic Amber.
Classic German Pilsner/Pils - As pilsner de origem alemã dividem-se em dois grandes
grupos: as do norte e as do sul. Os exemplares sulistas estão próximas das
pilsner da Boémia, com alto teor de lúpulo alemão e pouco presença de malte. Já
os exemplares do norte são mais leves e secos, sendo algo semelhantes a uma pale
lager. No geral, são cervejas amarelo-claro, transparentes, espuma branca e
pouco persistente, com sabor a lúpulo e, por vezes, a frutos e ervas. A
experimentar:
Stoudt's Pils;
Rothaus Pils Tannen Zapfle;
Wurzburger Hofbrau Premium Pilsner.
Doppelbock -
Também
conhecidas por Double Bock, são
uma subcategoria das Bock, mais fortes e ricas, caracterizadas por um
intenso
sabor a malte, que lhes dá um aroma e sabor algo adocicados, sendo esse factor
contrabalançado com o uso de lúpulo para lhes dar um toque final azedo. A cor
pode variar do âmbar até ao castanho-escuro e o nível de álcool é, em geral,
elevado, variando entre os 7-8%. As Doppelbock tiveram origem no mosteiro
Paulaner, em Munique, como forma de complemento para as refeições dos monges. A
maior parte dos exemplos Bávaros deste tipo de cerveja acabam no sufixo -ator,
em referência à primeira cerveja do género posta a circular comercialmente, a
Salvator, produzida pelos monges Paulaner. A experimentar:
Ayinger Celebrator Doppelbock;
Fish Tale Detonator Doppelbock;
Augustiner Maximator.
Dortmunder/Helles - Estes dois estilos estão bastante relacionados e
próximos,
sendo que o primeiro é originário da região de Dortmund, enquanto o último é da
Baviera. Ambos são ligeiramente mais fortes do que uma tradicional lager
(5,0%-5,6% ABV), têm boa presença de malte e, os melhores exemplos, destacam-se
por evidenciarem um sabor a biscoitos, devido ao malte utilizado. São cervejas
leves e de fácil ingestão, apesar de algumas Dortmunder da Dinamarca e Holanda
serem mais encorpadas e alcoólicas. O carácter amargo é muito similar
ao das
Pilsner alemãs, aromático e seco. A experimentar:
Great Lakes Dortmunder Gold;
Burgerbrau Wolnzacher Hell Naturtrub;
Aqula Helles.
Dunkel - Estilo típico da Baviera, mais propriamente da região de
Munique, são cervejas suaves, ricas e complexas. Têm cor que vai do cobre até ao
castanho-escuro, sabor e aroma algo doces, próximo do chocolate, característica
que lhes é conferida pelo malte. O teor amargo é médio-baixo, mas o suficiente
para contrabalançar com o doce do malte. O lúpulo utilizado costuma ser de
origem alemã e de boa qualidade, como o comprovam as espécies habitualmente
usadas: o Hallertau e o Tetnang. O volume alcoólico varia entre 4% e 6%. A
experimentar:
Ayinger Altbairisch Dunkel;
Aldersbacher Kloster Dunkel;
Altenmunster Jubelbier Dunkel Spezial (Jubel).
Eisbock - Este é o
tipo mais forte de Bock. É obtido através da redução da temperatura de uma
cerveja do tipo doppelbock até esta começar a formar gelo. Por essa altura,
remove-se o gelo e o resultado é uma cerveja com uma concentração mais alta de
álcool. Esta técnica reflecte-se também no sabor, mais concentrado e rico em
malte, o que lhe dá uma certa doçura, necessária para equilibrar com o acentuado
teor de álcool, que chega a ascender aos 8%. A cor pode variar entre o
castanho-avermelhado e o preto. A experimentar:
Kuhnhenn
Raspberry Eisbock;
Aventinus Eisbock;
Castle Eggenberg Urbock Dunkel Eisbock.
European Strong Lager - A maior parte das cervejeiras do mundo
produz uma cerveja
mais forte e alcoólica, baseada na sua lager normal. O efeito pretendido é
obtido através do aumento da quantidade de malte utilizado e do álcool, o que,
por outro lado, reduz a presença do lúpulo no aroma e no sabor. São facilmente
distinguidas das Malt Liquors pois estas são apenas elaboradas com malte, o que
lhes dá um toque mais acentuado a este cereal. As European Strong Lager são
bastante comuns e é um estilo que se encontra em franco crescimento. A
experimentar:
Carlsberg Elephant;
Clipper City Heavy Seas Small Craft Warning;
Tuborg
Royal Danish Strong Beer (engarrafada pela Unicer sob licença da Tuborg).
Japanese Rice Lagers - Similar a muitas Macro Lagers, devido à redução na
utilização de cereais nobres em favor do arroz e, apesar disso, não o suficiente
para serem consideradas Happoshu, estas cervejas são amarelo-claro, algo amargas
devido ao lúpulo, aguadas e com um fim seco. Em geral são baratas e de baixa
qualidade. Independentemente desse facto, acompanham bem refeições picantes e
muito condimentadas. A experimentar:
Asahi Super Dry;
Sapporo Premium Beer;
Suntory.
Landbier/Zwickel/Keller -
Três estilos bastante relacionados, raros, antigos, únicos
e típicos da Alemanha. As Kellerbiers são cervejas não filtradas e não
pasteurizadas, utilizando técnicas de produção que se
mantêm desde a Idade
Média. O produto final é suave, naturalmente opaco e com alto teor de vitaminas,
fruto dos fermentos presentes na sua elaboração. O sabor amargo transmitido pelo
lúpulo pode ser elevado, sendo talvez essa a grande diferença para as Zwickel
Bier, que são mais suaves e têm um sabor menos pronunciado. Quanto às Landbier,
a sua maior qualidade é um sabor a malte mais profundo, apesar de também sofrer
da falta de gás característica dos dois estilos atrás referidos. É de realçar
que o gás destas cervejas é natural, surgindo durante o processo de fermentação.
Finamente, acrescente-se que as Landbier podem ser filtradas. Em qualquer um dos
estilos, o teor alcoólico não é muito elevado variando entre os 4% e os 7% ABV.
A experimentar:
Griess Kellerbier;
Fursten Zwickel;
Echt Veldensteiner Landbier.
Malt Liquor - Um estilo não muito bem visto pelos apreciadores, as Malt
Liquor, tipicamente americanas, são lagers mais fortes e com mais álcool. Têm
cor palha, por vezes âmbar, sabor aguado e sem carácter, muito por causa da
utilização de açucar, arroz e milho em detrimento do malte. O lúpulo raramente é
utilizado e, quando o é, serve apenas para equilibrar o aroma e sabor da
cerveja. Tal facto resulta em cervejas extremamente fortes - em termos de
álcool, entenda-se - com percentagens que variam entre os 6% e os 9% ABV. A
experimentar:
Molson
XXX;
Colt 45;
Olde English 800.
Pale Lager - Estamos perante o estilo mais mal-amado dos conhecedores
de cerveja e não sem uma certa razão! As Pale Lager são o estilo de cerveja mais
popular e consumido no mundo, sendo que a maior parte das cervejas deste tipo se
baseiam nos três exemplos clássicos deste género: a Carlsberg, a Heineken e a
Budweiser. A sua cor é, habitualmente, amarela clara e muito transparente, com
alto teor de
gás e uma percentagem de álcool que varia entre
os 4% e os 6%. A
presença de malte ou cevada é quase nula quer no aroma, quer no sabor, havendo
algumas notas de lúpulo que lhe dão o característico sabor amargo e por vezes,
também de milho. Estas cervejas são feitas para agradar a um número máximo de
consumidores e por isso tentam não ter sabores muito intensos. A sua produção é
industrial e por isso é usual encontrarmos alguma artificialidade em certos
produtos, muito aguados e sem características que os diferenciem de centenas de
outras Pale Lagers que se produzem por esse mundo fora. Se quiser experimentar
este estilo não é preciso ir muito longe: a Sagres e a Super Bock fazem parte
deste lote de cervejas. Felizmente e, na minha opinião, que confesso poder ser
parcial devido a ser português, são das melhores cervejas que bebi dentro do
género: frescas, leves e suficientemente saborosas para acompanhar uma refeição,
uns salgados ou simplesmente para serem bebidas quando estamos na praia, na
esplanada ou quando saimos à noite. A experimentar:
Summerfest;
O.K. Beer;
Sagres;
Super
Bock.
Pilsner -
A definição do estilo pilsener encontra grande campo de
debate entre os conhecedores de cerveja. Aqui caem todas aquelas marcas que não
podem ser consideradas pilseners da Boémia ou pilseners germânicas clássicas.
Geralmente, referem-se a lagers pálidas, amarelas e com presença de lúpulo quer
no aroma, quer no sabor. O teor alcoólico varia entre 4,0% e 5,5%. Muitas
vezes são designadas pela abreviatura Pils. A experimentar:
Wiibroe Pilsner Helsingor;
Tuppers Hop Pocket Pils;
Christoffel Blond.
Premium Lager -
As Premium Lager situam-se entre as Pale Lager
comerciais
e as Pilsener. Sendo esta diferença muito ténue, é habitual certas cervejas
auto-intitularem-se Premium Lagers mas, de facto, não o serem. As que o são, têm
cor dourada ou mesmo acobreada e possuem um forte carácter dado pelo malte e
pelo lúpulo. O álcool costuma variar entre 4,5% e 5,5% e têm menos gás do que
uma pale lager ou do que uma pilsener germânica clássica. É, em geral, um
produto típico de pequenas industrias cervejeiras ou mesmo de pubs e bares que
produzem as sua próprias bebidas. A experimentar:
Spaten
Premium Lager;
Boulevard Bobs 47 Munich-Style Lager;
Creemore Springs Premium Lager.
Rauchbier - Estilo com bastantes tradições na Alemanha, as suas
origens remontam ao início do século XVI, altura em que começaram a ser
produzidos os primeiros exemplares na região de Bamberg. É uma cerveja escura,
com grandes semelhanças com as Oktoberfest/Marzen. Essa tonalidade é-lhe
transmitida pelo malte, que sofre um processo de transformação ao ser colocado
junto a lareiras para ficar com um sabor fumado (rauch é a palavra alemã para
fumado). O uso deste ingrediente dá um sabor muito característico à cerveja,
semelhante a carne fumada e com notas de especiarias. O volume de álcool varia
entre os 4% e os 7%. A experimentar:
Aecht Schelenkerla Rauchbier Marzen;
Triumph Rauchbier;
Spezial Rauchbier Lager.
Schwarzbier -
Esta palavra significa em alemão cerveja preta.
Simplesmente. Não tem nenhuma conotação com a cerveja ser encorpada, leve ou
complexa, apesar da tendência ser para exemplares que não dependem tanto do
malte como as Stout e as Porter, havendo portanto lugar ao aparecimento do sabor
do lúpulo, o que lhes dá um certo carácter amargo, não presente nos outros dois
estilos referidos. São uma excelente escolha para os dias frios, já que são
cervejas suficientemente complexas, saborosas e encorpadas para aquecer qualquer
alma e isto sem o carácter pujante e por vezes sobredimensionado presente nas
Porter e nas Stouts. A experimentar:
Sprecher Black Bavarian;
Herold Cerny Lezak;
Kulmbacher Monchshof Shwarzbier.
Smoked - As Smoked clássicas são provenientes de Bamberg, na
Alemanha. São feitas usando malte previamente fumado, o que dá as cervejas um
carácter muito robusto e distinto. Esta técnica é também usada para a produção
de outros tipos de cerveja, como algumas Scotch Ales e Porters. No entanto, o
estilo que com este mais se assemelha talvez seja o das Rauchbier, que também
utiliza malte fumado e que é igualmente proveniente da cidade de Bamberg. A
experimentar:
Alaskan Smoked Porter;
Aecht
Schlenkerla Fastenbier;
Bièropholie
Calumet.
Vienna - Deve o seu nome à capital da Áustria, Viena, cidade de
origem deste tipo de cerveja. É uma bebida leve, com sabor e aroma a malte,
bastante próxima das Marzen e das Oktoberfest. Apesar da sua origem
alemã/austríaca, é, hoje em dia, quase uma raridade encontrar este estilo de
cerveja à venda em grandes quantidades. Curiosamente, alguns dos exemplos mais
característicos são oriundos do México: a Dos Equis e a Negra Modelo. A
experimentar:
Schell FireBrick;
Svaneke Bryghus Byens;
Capital Winter Skal.
Cervejas Especiais
Há, nas milhares de marcas que existem no
mercado, algumas cervejas que podemos designar por especiais. E se é verdade que
todas as cervejas são especiais, também não é mentira dizer-se que há umas mais
especiais do que as outras. É dessas que falamos aqui. A maior parte delas não
são típicas cervejas do dia-a-dia e muito dificilmente teremos capacidade ou
mesmo vontade para beber duas, três ou quatro seguidas, como fazemos com as
nossas imperiais. O seu sabor intenso e a forte presença de álcool aconselham a
que sejam bebidas com moderação e de modo a podermos usufruir de todas as suas
qualidades. São o caso das Abbey Dubbel ou Tripel, das Belgian Strong Ale ou das
Imperial Stout. As restantes estão incluídas neste grupo devido ao seu processo
de fabrico ser diferente do normal (Ice Beer ou Low-Alcohol) ou por terem
ingredientes específicos próprios daquele género (Belgian Witbier ou Berliner
Weisse).
Abbey Dubbel -
A
Dubbel é uma cerveja escura, muito rica em malte e
medianamente alcoólica, já
que não costumam ultrapassar os 9% ABV. Menos frutada que a Belgian Strong Dark
Ale, possui, em contraparida, corpo complexo e uma boa presença de gás. Tal como
o nome indica, são cervejas feitas seguindo a tradição de abadias e mosteiros,
apesar de haver na actualidade muitas fábricas que tentam imitar essas
características com algum sucesso. Acompanham bem queijos, chocolates, bifes e
caça. A experimentar:
Corsendonk Pater (Abbey Brown Ale);
St. Feuillien Brune;
Westmalle Dubbel.
Abbey Tripel -
A expressão Tripel ou Triple refere-se a uma parte do
processo de fabricação da cerveja no qual o mestre cervejeiro utiliza,
aproximadamente, três vezes mais malte do que uma cervaja trapista "simples".
Tradicionalmente, são de cor amarelo-claro a dourado, isto é, ligeiramente mais
escuras do que uma pilsner. A espuma
deverá ser grande, densa e cremosa e o
volume de álcool oscilará entre os 8 e os 12% ABV. O aroma e o sabor são
complexos, com forte presença de frutos, especiarias e álcool. Têm um carácter
ligeiramente adocicado que lhes é dado não só pelo álcool, como também pela
adição de pequenas quantidades de açucar. Apesar disso, são cervejas muito bem
equilibradas devido ao uso criterioso de lúpulo e de fermento. Este é um estilo
que aprecio particularmente, até mesmo quando comparado com as Dubbels. No
entanto, gostaria de destacar que é preciso um certo cuidado ao beber cervejas
deste tipo: o seu excepcional sabor e aroma tornam-as extremamente apetecíves e
fáceis de beber. Todavia, não nos devemos esquecer que estamos na presença de
uma bebida que pode ter 12% de volume alcoólico pelo que se aconselha alguma
moderação quando em presença de uma Abbey Tripel. A experimentar:
Tripel Karmeliet;
De Dolle Dulle Teve 10º (Mad Bitch);
St. Feuillien Triple.
Abt/Quadrupel -
Abt ou Quadrupel são os termos utilizados para designar cervejas de abadia ou
trapistas extremamente fortes. O nome Abt foi usado pela primeira vez para
descrever a Westvleteren e a St.
Bernardus, ambas
produzidas pelo mosteiro de St.
Sixtus. Relativamente ao termo Quadrupel, a La Trappe foi a primeira cerveja a
fazer uso dessa expressão. Independentemente destas designações serem
frequentemente utilizadas para designar um só estilo, há ligeiras diferenças
entre elas. De facto, as Abts são mais escuras e mais ricas, com forte presença
de especiarias e frutos. Já as Quads são mais claras tendo, em geral, um sabor
menos frutado e complexo. Em comum, têm o facto de possuírem uma forte presença
de malte e uma baixa presença de lúpulo. De igual modo, o volume alcoólico é
alto em ambos os estilos, ultrapassando com frequência os 10% ABV. A
experimentar:
Westvletern Abt 12;
St.
Bernardus Abt 12;
La
Trappe Quadrupel.
American Wheat - São uma versão americanizada das Hefeweizens
sendo que,
tal como estas, variam do amarelo-claro até ao âmbar-claro. São cervejas leves,
com bom nível de gás e volumosas formações de espuma. Não apresentam um sabor a
fruta - nomeadamente a banana - tão forte como as suas congéneres alemãs, sendo
que por isso o lúpulo ganha um realce suplementar. Em termos alcoólicos, variam
entre os 4,0 e os 7% ABV. São excelentes para acompanhar bifes, queijos e
saladas. A experimentar:
Three Floyds Gumballhead;
Karl Strauss Windansea Wheat Hefeweizen;
Sacramento Hefe Weizen.
Belgian Strong Ale - Belgian Strong Ale é um termo genérico que tanto pode
designar cervejas claras como escuras. Em geral, são produzidas na Bélgica e têm
alto teor de álcool, que pode variar entre os 7 e os 12%.
São cervejas
complexas, fortes, com bom aspecto (em particular a espuma) e muito saborosas.
São igualmente bem equilibradas, já que o elevado teor alcoólico é muito bem
balancado com aromas e sabores a especiarias e frutos. A Duvel, uma marca bem
distribuida e, portanto, existente nalguns supermercados portugueses, é uma
referência neste estilo, pelo que se tiver oportunidade de experimentar, não
hesite. Curiosamente, o nome Duvel - uma referência ao diabo - foi também
imitado por muitas outras marcas surgindo então a Satan, a Judas, a Belzebuth, a
Lucifer, entre outras. A experimentar:
Duvel;
Bush Ambrée;
Affligem Blond.
Belgian Witbier -
Trata-se de um estilo de cerveja bem antigo, com mais de 400 anos de idade e que
quase tinha desaparecido na década de
50 do século passado. Felizmente, a
fábrica Hoegaarden reavivou o estilo, muito por influência de Pierre Celis.
Desde então, a popularidade das Witbiers belgas tem crescido constantemente pelo
que é habitual surgirem com frequência novos produtos no mercado. São de cor
bastante pálida, opacas e bastante refrescantes, característica que lhes são
transmitidas pelo trigo e também pelos sabores a limão e casca de laranja que
costumam apresentar. Sâo excelentes para acompanhar queijos ou mexilhões. As
Witbier são um género frágil e não muito dado a grandes envelhecimentos, pelo
que quanto mais novas e menos manuseadas, melhor. A experimentar:
Hoegaarden White;
Brugs
Tarwebier;
Celis White.
Berliner Weisse - Bastante amargo e com forte sabor a trigo, o estilo
Berliner não é muito alcoólico, apesar de possuir um carácter bem vincado. De
facto, a acidez costuma ser tão alta que é frequente os produtores utilizarem
xaropes de fruta ou outros adoçantes para cortar essa característica. É claro
que os mais puristas preferem beber este estilo ao natural, isto é, sem adição
de açucar ou de qualquer outro produto. Asim tomada, torna-se uma cerveja
complexa, multi-facetada e extremamente refrescante. A experimentar:
Dieu
du Ciel Solstice d'Été aux Framboises;
Schultheiss Berliner Weisse Original;
Berliner Kindl Weisse.
Bière de Champagne/Bière Brut -
Estilo muito recente e bastante interessante, as Bière de
Champagne apresentam um grande potencial
dentro da indústria cervejeira, já que
são produtos da gama elevada, com excelente apresentação e que funcionam como
ponte de ligação entre a cerveja e o champanhe, dando assim origem a um artigo de
luxo. A sua produção iniciou-se na Bélgica país que, de facto, é a origem de
muitos dos melhores estilos de cerveja. São sujeitas a longos processos de
maturação e, algumas, chegam mesmo a ser envelhecidas em caves na região de
Champagne, passando então pelo "methode de champenoise", processo em que o
fermento é removido da garrafa. Muito delicadas, com alto teor de álcool e de
gás, costumam apresentar-se em garrafas idênticas às de champanhe, com rolha,
arame e, por vezes, dentro de caixas. A experimentar:
DeuS (Brut des Flandres);
Malheur Bière Brut (Reserve);
Wieckse Brut.
Dry Stout - É um dos estilos mais comuns de Stouts, sendo muitas vezes
também denominado de Irish Dry Stout. Na maior parte dos casos, são
cervejas
algo leves e menos complexas que outros géneros de Stouts, sendo assim
fabricadas para poderem ser consumidas em massa. Tal como se pode observar num
típico bar irlandês, são servidas de uma forma especial, usando nitrogénio, para
que possam ganhar uma espuma durável e extremamente cremosa. No entanto, tal
retira-lhes algum aroma e sabor, bem como gás. Possuem uma forte presença a
malte torrado e, em menor quantidade, a lúpulo, o que lhes dá uma certa acidez
ao sabor. As marcas mais representativas deste estilo são, sem dúvida, a
Murphy's, a Beamish e a Guinness, apesar de haver excelentes exemplares de Dry
Stouts americanos. A experimentar:
Guinness Draught;
Beamish
Irish Stout;
Murphy's
Irish Stout.
Dunkelweizen -
Variação escura das típicas cervejas de trigo alemãs, as Dunkelweizen mantêm, no
entanto, o característico sabor a banana e
limão, apesar de
também podermos apreciar no palato a
presença de chocolate e de cereais torrados, provenientes da adição de malte
escuro. São cervejas bastante equilibradas, ficando a meio termo entre as
robustas e invernais Weizenbocks e as leves e refrescantes Hefeweizens.
Habitualmente, o teor de álcool varia entre os 4,8 e os 5,6%, sendo que a
quantidade de gás pode ser elevada, ao contrário do carácter amargo que não é
muito substancial. Estas cervejas podem criar algum resíduo, pelo que é
aconselhável rodá-las ligeiramente antes de servir. A experimentar:
Franziskaner Hefe-Weissbier Dunkel;
Victory Sunset Dunkelweizen;
Andechser Dunkles Weissbier.
Foreign Stout -
A expressão Foreign Stout começou a ser utilizada na
Guinness Foeign Extra Stout (FES). Esta, era
uma versão mais forte e
com mais
lúpulo da clássica Guinness Extra Stout, assim produzida para suportar as longas
viagens até às antigas colónias britânicas. De facto, a FES ainda existe
produzida localmente em muitas dessas antigas províncias inglesas como sejam a
Jamaica, o Sri Lanka ou a Nigéria. São produtos de boa qualidade, similares à
original, mas que apresentam já algumas características inerentes ao próprio
local onde são produzidas. As Foreign Stouts encontram-se a meio caminho entre
as Stouts normais e as Imperial Stouts. São mais doces que uma Stout mas menos
robustas e complexas que uma Imperial. O volume de álcool pode variar entre os 6
e os 8% ABV. Também podem ser designadas por Export Stout. A experimentar:
Guinness Foreign Extra Stout;
De Dolle Extra Export Stout;
Lion Stout.
German Hefeweizen - É um estilo de cerveja de trigo (wheat beer ou weissbier)
oriundo do sul da Alemanha, com forte presença de frutos no aroma e sabor,
nomeadamente banana e maça. O volume alcóolico anda
por volta dos 5 a 7%, sendo
que as Hefeweizen são bastante refrescantes apesar de não muito ácidas. O
prefixo "Hefe" significa algo similar a "com fermento" pelo que estas cervejas
se apresentam, em geral, opacas e não filtradas. Se servidas num tradicional
copo de Weizen, as Hefe produzem abundante espuma e ficam com excelente
aparência. Relativamente a este tipo de cerveja há que ter um aspecto em
atenção. É habitual servirem-nas com uma rodela de limão, seja isso para cortar
o sabor do trigo ou do fermento. Recuse uma cerveja servida desse modo, pois o
limão apenas altera o sabor desta, para além de dificultar a formação de espuma.
As Hefeweizen não são propriamente 7 Up's! A experimentar:
Franziskaner Hefe-Weissbier;
Paulaner Hefeweissbier;
Weihenstephaner Hefe Weissbier.
German Kristallweizen - A Kristallweizen é, muito simplesmente, uma
Hefeweizen
filtrada. Isso faz com que seja uma cerveja clara e límpida, com cores que vão
desde o amarelo-claro até ao âmbar-claro. Por vezes, e de modo depreciativo, são
conhecidas como as "Hefeweizen castradas". Não partilho dessa opinião apesar de
muitos exemplares que podemos encontrar no mercado terem uma certa falta de
personalidade. Para além disso, são ligeiramente mais suaves do que as Hefe, com
sabor e aroma mais atenuados. Acompanham bem saladas e pratos vegetarianos. A
experimentar:
Tucher
Kristall Weizen;
Allgauer Furstabt Kristallweizen;
Weihenstephaner Kristallweissbier.
Ice Beer - A
elaboração da Ice Beer implica baixar a temperatura da cerveja até que se
comecem a formar cristais de gelo. Posteriormente, o líquido é filtrado e, como
a água congela antes do álcool, o resultado é
uma bebida com maior
teor
alcoólico. Como o gelo também se forma à volta das células do fermento e das
partículas de proteínas, estas ficam igualmente retidas na filtragem sobrando,
no fundo, uma cerveja com menos componentes mas, teoricamente, com mais sabor e
volume alcoólico. Este processo não é novo na indústria cervejeira já que as
Eisbocks são elaboradas segundo um método semelhante. Contudo, esta corrente
moderna de produção e consumo de cervejas Ice foi iniciada pela Labatt, empresa
que serviu de exemplo para muitas outras cervejeiras, especialmente
norte-americanas. A grande diferença entre uma Eisbock e uma Ice Beer reside no
carácter de cada estilo. O problema duma Ice Beer é que nunca será melhor do que
a cerveja que lhe deu origem e, infelizmente, as cervejas que são utilizadas
para isso nunca são de grande qualidade. Pelo contrário, as Eisbock têm origem
em cervejas de qualidade e de forte carácter, pelo que o resultado final
continua a ser bastante bom. A experimentar:
Labatt
Ice;
Genny Ice Beer;
Carlsberg Ice.
Imperial Stout -
Também conhecidas por Russian Imperial Stouts, estas
cervejas são consideradas unanimemente
como as rainhas das Stouts. A
origem do
nome remonta à época em que as cervejeiras inglesas elaboravam produtos de forte
carácter, com intenso sabor a malte torrado e a lúpulo, destinadas aos países
bálticos e à Rússia, onde eram muito apreciadas pela Corte Imperial. Para
suportar as viagens, essas bebidas possuíam igualmente um elevado teor de
álcool, com percentagens que variavam - e variam - entre os 8 e os 12% ABV. Como
características apresentam pouco gás, forte sabor a chocolate e a malte torrado,
cor muito escura e grande complexidade. Uma boa Imperial Stout é uma excelente
companhia para um prato de queijo, chocolate negro ou melão. Apesar de poder
alterar o aroma e sabor da cerveja, pode também experimentá-la com uma boa
cigarrilha ou charuto. A experimentar:
Three Floyds Dark Lord Russian Imperial Stout;
Victory Storm King Imperial Stout;
Stone
Imperial Russian Stout.
Low Alcohol - As
cervejas sem álcool ou de baixo teor alcoólico são uma novidade algo recente no
mercado das bebidas, mas com tendência a crescerem em termos de vendas devido às
restrições ao consumo de
álcool quando se conduz. Na maior parte dos casos, o
termo sem álcool não se deveria utilizar pois a maior parte destas cervejas têm
uma determinada quantidade alcoólica, apesar da mesma poder ser residual. A
obtenção deste estilo pode ser feita de duas maneiras: através de um processo de
fermentação e elaboração muito cuidado, onde se evita a formação de álcool ou
então utiliza-se um sistema de extracção do álcool da bebida, fazendo esta
passar por uma membrana permeável especial. São, no seu global, cervejas muito
leves em aroma, sabor e corpo. A característica que as reúne sobre a mesma
denominação é o facto de terem menos de 3% ABV. A experimentar:
Bitburger Light;
Jansen Preta Sem Álcool;
Cheers Sem Álcool.
Porter -
Muitas vezes confundidas com Stouts, as Porters têm uma
personalidade única e muito vincada. De facto, este estilo bastante antigo vem
já referido num documento do século XVIII, onde se dizia que
as Porters eram o
resultado da mistura de três tipos de cerveja: uma Old Ale, uma New Ale e uma
Weak One (Mild Ale). Desta combinação resultaria uma bebida a que os ingleses
chamavam de "Entire Butt" ou "Three Threads", que tinha como objectivo agradar a
um vasto público, grande parte dele constituído por trabalhadores das inúmeras
indústrias surgidas após a Revolução Industrial. Apesar do expressivo sucesso
que conheceu nessa altura, no início do século XX era quase um estilo em vias de
extinção, muito ultrapassado, em termos de consumo, pelas Stouts. O seu regresso
só se deu durante os anos 70 e 80 do século passado, altura em que houve um
grande surgimento de pequenas industrias produtoras de cerveja artesanal,
nomeadamente nos EUA. De cor escura e bastante maltadas, podem possuir um
carácter algo doce, mesmo que não muito acentuado. A experimentar:
Fuller's London Porter;
Samuel Smith's Famous Taddy Porter;
Meantime London Porter.
Roggenbier/German Rye Beer - Esta cerveja especial, originária da
cidade alemã de
Regensburg, na Baviera, é uma variante de luxo das Dunkelweizen que, em vez de
utilizar trigo como estas, utiliza malte de centeio, o que as torna distintas e
muito saborosas. A aparência vai da cor de cobre até ao castanho e a espuma
costuma ser volumosa e algo duradoura. Relativamente ao álcool, não é muito
pronunciado, variando entre os 4,5 e os 6% ABV. A característica que mais se
salienta neste tipo de cervejas é mesmo o seu sabor a centeio, sendo que por
vezes pode parecer que estamos a beber pão liquido! A experimentar:
Paulaner Roggen;
Burgerbrau Wolnzacher Roggenbier;
Schremser Roggenbier.
Stout - Muitas Stouts não se encaixam na definição clássica deste
estilo, representada basicamente pelas Irish Stouts e pela mundialmente famosa
Guinness. A diferença poderá estar na cor, quantidade de lúpulo ou malte. No
entanto, tais alterações não são suficientes para essas que essas cervejas sejam
englobadas nas Dry ou nas Imperial. São, na sua essência, simples Stouts. De cor
castanho-escuro a preto, sabor a café, chocolate ou cereais torrados, álcool
entre os 4 e os 7% ABV e um corpo não muito complexo, são um excelente
substituto para aqueles dias em que não lhe está a apetecer beber a tradicional
imperial. A experimentar:
Freeminer Deep Shaft Stout;
Titanic Stout;
Super Bock
Stout.
Trappiste - As
cervejas trapistas não são propriamente um estilo, já que podem ser englobadas
nas Abbey Dubbel ou Abbey Tripel ou mesmo nas Quadrupel, conforme a marca e o exemplar que estejamos a
degustar. No entanto, sendo este o meu estilo preferido e dadas as limitações
impostas a uma cerveja para que possa utilizar o selo trapista, decidi
separá-las para ter um pouco mais de espaço para falar delas. As ordens
trapistas tiveram origem no mosteiro cisterciense de La Trappe, França. A sua
influência alargou-se a muitos outros países europeus, tendo posteriormente
surgido novos mosteiros que seguiam as restritas regras desta ordem religiosa.
Em 1997, oito abadias trapistas - 6 da Bélgica (Orval, Chimay, Westvleteren,
Rochefort, Westmalle e Achel), 1 da Holanda (Koningshoeven) e 1 da Alemanha (Mariawald)
- fundaram a ITA (International Trappist Association), com o propósito de
definir as regras do estilo e proteger o nome do uso abusivo por parte de outras
marcas. Para isso, esta associação criou um selo que só pode ser utilizado pelos
produtos que seguem os critérios estabelecidos e que sejam elaborados por monges
trapistas, sejam esses produtos queijos, cervejas ou vinhos. Não me querendo
alongar muito mais, já que o objectivo deste espaço não é explicar todos os
aspectos de todos os estilos de cerveja mas apenas fazer uma breve introdução as
características que os permitem diferenciar, deixo aqui este
link que explica sucintamente este estilo, as sua origens e história
recente. A experimentar:
Orval;
Chimay
Blue;
Westvleteren Abt 12;
Westmalle Tripel;
Achel 8 Blond;
Rochefort Trappistes 10.
Weizenbock -
Basicamente, é uma Dunkel Weizen mais forte (em teoria,
tão forte como uma Bock), com boa
presença de álcool e especiarias e,
logicamente, maior sabor a malte, factor que contribui para a sua cor
escura. A
sua origem remonta à cervejeira alemã Schneider & Sohn que, em 1907, criou uma
doppelbock de trigo mais forte e saborosa, a Schneider Aventinus. Esta excelente
cerveja, ainda disponível nos dias que correm, possui todas as características
que formatam este estilo, sendo por isso o farol de referência para todas as
outras Weizenbock. Relativamente aos ingredientes, utiliza-se uma grande
percentagem de trigo maltado (segundo a lei alemã, tal cereal deverá
corresponder a 50% do total, apesar de, em certas marcas, tal chegar aos 70%). O
restante é composto por malte de cevada. O volume de álcool varia entre os 6,5 e
os 8%. A experimentar:
Schneider Aventinus;
Hacker-Pschorr Weiss Bock;
Erdinger Pikantus.
Cervejas Excêntricas
O que acha de cervejas a saber a vinagre ou a framboesa? E
que tal cervejas que apenas são produzidas no Natal ou em Outubro, difíceis de
encontrar em qualquer outra época do ano? E estilos quase em vias de extinção,
apenas com três ou quatro marcas ainda disponíveis? Muitos outros exeplos existiriam para
lhe explicarmos o porquê de considerarmos os tipos de cerveja abaixo listados
como excêntricas. Não nos alongaremos muito nesta introdução pois a descrição de
cada um dos estilos será suficiente para se aperceber das características muito
espécificas de cada um deles. O único conselho que lhe deixamos é o de manter o
espírito aberto ao experimentar qualquer um destes estilos. Poderá vir a beber
cervejas com sabor a cereja, hortelã-pimenta ou até chocolate!
Barley
Wine -
Apesar do nome, a
Barley Wine é uma autêntica cerveja, forte e intensa. De facto, faz parte dos
estilos de cerveja mais fortes. Viva e frutada, por vezes doce, por vezes ácida,
é, no entanto, sempre
altamente alcoólica. Uma cerveja com esta força e
complexidade pode ser um desafio para o palato. A sua cor varia entre o âmbar e
o castanho escuro, sendo que os aromas vão desde o frutado até ao carácter
acentuado do lúpulo. É uma cerveja espessa, onde o álcool é facilmente
perceptível, apesar dos sabores a fruta, resina ou lúpulo que o acompanham.
Apresenta um volume alcoólico entre 7% e 12%. As variedades inglesas de Barley
Wine são bem diferentes das americanas, já que estas últimas costumam ter um
sabor mais marcado a lúpulo (por vezes em demasia!), sendo que as inglesas
apresentam um melhor equilíbrio entre malte e lúpulo. A maior parte das Barley
Wine podem ser conservadas e envelhecidas, como se de um bom vinho se tratassem.
A experimentar:
AleSmith Barrel Aged Old Numbskull;
Victory Old Horizontal;
Dogfish
Head Olde School Barleywine.
Bière de Garde -
Bière de Garde, ou cerveja para guardar, é um estilo
pouco comum, sendo que em Portugal é mesmo inexistente. A sua cor varia entre o
amarelo dourado e o castanho-claro, possuindo um aroma maltado e um sabor
ligeiramente doce e caramelizado também devido ao malte, com alguns exemplares a
apresentarem alguma acidez devido à presença do lúpulo. A presença do álcool é
evidente, havendo a possibilidade de se encontrar alguns sabores a fruta. O
volume alcoólico varia entre 6% e 8% e é uma cerveja que melhora com a idade. A
experimentar:
Southampton Bière de Garde (French Country Christmas Ale);
Jolly Pumpkin Bière de Mars;
Dupont La Bière de Beloeil.
Bitter -
As Bitter surgiram como uma reacção das cervejeiras à
proliferação de produtos sem personalidade e meramente comerciais. Na sua
maioria, possuem uma cor que pode ir do amarelo-dourado até ao âmbar, pouco gás
e um forte sabor azedo. Curiosamente, esta última característica não lhe é
transmitida pelo lúpulo, que não é muito intenso neste tipo de cervejas. O aroma
é algo frutado, bem como o sabor, sendo que o volume de alcool costuma ser baixo
(entre 3% e 5%) e pouco perceptível. São excelentes para acompanhar bifes e
marisco. A experimentar:
Oakham Raucous Reindeer;
Dark Star Golden Gate;
Coniston Bluebird Bitter.
Black & Tan - Este termo aplica-se a produtos em que a cervejeira
misturou, antes do engarrafamento, uma ale escura com uma ale mais clara ou
mesmo com uma lager, algo que aqui em Portugal se designa por uma mista. Por
esta breve explicação nos apercebemos que não se trata de um estilo clássico ou
convencional. Foi, antes sim, o fruto da busca incessante das cervejeiras por
criar produtos modernos e que estejam de acordo com as novas tendências,
verificadas nos cafés e bares onde é habitual as pessoas pedirem para misturar
uma cerveja clara com uma cerveja mais escura. A experimentar:
Saranac Black & Tan;
Mississippi Mud Black & Tan;
Berkshire Shabadoo Black and Tan.
Chile Beer -
As Chile Beer são outro estilo moderno e em franca
expansão. Podem ser ales ou lagers às quais foi adicionado um elemento picante,
proveniente de pimentas ou malaguetas. O mais comum é esse picante ser fornecido
pelos jalapenos, ingrediente muito utilizado na cozinha mexicana. Apesar de
divertidas, é raro encontrarmos um resultado final que seja satisfatório, isto
se pensarmos em termos de qualidade da cerveja. A experimentar:
Rogue Chipotle Ale;
Winkoop
Patt's Chile Beer;
Rock Bottom Cinco de Mayo.
Cider -
Não sendo propriamente uma cerveja, fazemos aqui
referência à
Sidra por ter um processo de produção
muito semelhante. Feita de
sumo de maçã fermentado, o seu sabor e aparência variam muito, consoante o local
onde são produzidas. As Sidras inglesas são secas, frutadas e possuem pouco gás,
enquanto as que são elaboradas na Normandia são mais doces e efervescentes. Os
Estados Unidos e o Canadá são também dois países onde existe uma boa produção
deste tipo de bebida. Infelizmente, é relativamente fácil elaborar bebidas
parecidas com sidra, mas que pouco ou nada têm a ver com estas, já que possuem
muito açucar e aromas falsos. A experimentar:
La
Face Cachée de la Pomme Frimas Ice Cider;
Cidre Dupont Réserve;
Rubis de Glace.
Flemish Sour Ale -
Este é um estilo muito peculiar pelo qual, confesso, não
nutro grande simpatia. Não quer isto dizer que as Flemish Sour Ale
não sejam
cervejas de qualidade. Muito pelo contrário: é habitual encontrá-las
extremamente bem classificadas em livros e sites que se dedicam à avaliação de
cervejas. Todavia, o seu sabor ácido e, em geral, avinagrado, está bem longe do
sabor que eu espero encontrar numa cerveja que considero boa. Apesar de tudo,
acredito que com o tempo se possa aprender a gostar deste estilo. Podem variar
entre o vermelho e o castanho, com álcool entre os 4% e os 8%, sendo que o seu
forte sabor a vinagre e fruta lhes é conferido por um fermento especial. São
cervejas bastante complexas, produzidas segundo métodos muito antigos, estagiam
algum tempo em cascos de carvalho e o resultado final é, habitualmente, o
resultado da mistura de cervejas novas com outras mais antigas. A experimentar:
Panil
Barriquée;
Rodenbach Grand Cru;
Liefmans Goudenband.
Fruit Beer - Esta designação aplica-se quer a ales, quer a lagers,
desde
que sejam feitas a partir de fruta. A cor, aroma, sabor e outras
características variam muito, pois dependem da fruta que é utilizada na sua
confecção. Que me recorde, já bebi Fruit Beers de ameixa, maracujá, cereja,
framboesa, entre muitas outras. Em comum, têm o facto de serem cervejas com
baixo volume alcoólico e que devem ser servidas muito frias (e preferencialmente
no Verão), já que têm tendência de se tornarem algo doces. A experimentar:
New Glarus Belgian Red;
Chapeau
Mirabelle;
Floris
Ninkeberry.
Gose -
Um estilo predominantemente alemão, com grandes e
antigas tradições na cidade de Leipzig, caracteriza-se por ser uma cerveja
fresca, loura e opaca. As Gose são cervejas de trigo, não filtradas,
extremamente refrescantes e, acima de tudo, muito raras. Em termos comerciais
apenas conheço duas marcas que ainda vendem este estilo e, infelizmente,
trazê-las para Portugal é pouco menos que impossível. A experimentar:
Bayerischer Bahnhof Original Leipziger Gose;
Bauer
Goedeck Dollnitzer Ritterguts Gose;
Draught House Gose.
Happoshu - Tipicamente produzida por cervejeiras japonesas, a
Happoshu é uma bebida de malte altamente gaseificada. Não sendo propriamente uma
cerveja, é taxada de maneira diferente desta última, pelo que se torna um
produto ainda mais acessível em termos económicos, sendo que isso explica o seu
alto grau de sucesso no país de origem. Para tornar a bebida ainda mais barata,
é habitualmente vendida em lata. A experimentar:
Gokunama
Happoshu;
Namashibori;
Draft One.
Kvass -
É uma bebida típica da Rússia e
de muitos países do leste europeu, cujas origens remontam ao século XVI. Não se
podendo considerar propriamente uma cerveja, mas sim algo muito similar, a Kvass
é elaborada a partir de cereais - centeio, cevada, trigo, etc - aos quais é
habitual juntar-se açucar, bagas ou frutos. É, basicamente, a fermentação de
qualquer coisa que se tenha à mão com fermento simples de padeiro, o que dá uma
bebida agradável, barata e de baixo teor alcoólico (entre 0.5% e 2.5% ABV). A
experimentar:
Kimmel
Maizes Kvass;
Portsmouth Kvass Rye Ale.
Lambic-Faro - A Faro é uma mistura de lambics à qual é adicionado
açucar, de modo a que se torne mais leve, doce e saborosa. Podem ser
"condimentadas" com pimenta ou casca de laranja, apesar destes géneros não terem
grande aceitação. Tornam-se, em geral, demasiado doces, pelo que se aconselha a
servi-las bem frescas e acompanhadas com algo salgado. Pode-se dizer que é mais
um aperitivo do que propriamente uma cerveja. A experimentar:
Drie
Fonteinen Faro;
Cantillon Faro;
Lindemans Faro.
Lambic-Fruit -
Na maior parte das vezes apenas designada por Lambic (sem
o fruit), este tipo de cerveja é muito peculiar, não só pelo processo de
fabrico, como pelo facto de ser um dos estilos mais antigos e mais complexos
ainda hoje em produção. De facto, à cerveja inicial são adicionadas frutas
inteiras depois da fermentação espontânea ter
começado. A fermentação é feita
por fermentos e microorganismos que se encontram nas caves onde estas cervejas
são produzidas, sendo que as fábricas se encontram, maioritariamente, na região
à volta de Bruxelas. Conta-se que as caves que albergam Lambics nunca são
limpas, para não alterar o equilíbrio dos bolores, tão essenciais ao processo de
desenvolvimento da cerveja. Posteriormente ao início do processo de fermentação,
as Lambics são envelhecidas em barris de madeira por períodos que vão de um ano
até três. Quanto à fruta utilizada, as mais comuns são as Kriek (cerejas),
Framboise (framboesas), Pêche (pêssego) e Cassis (groselhas pretas), apesar de,
actualmente, existirem muitas novas marcas que utilizam frutos exóticos.
Relativamente ao sabor, o destaque vai, obviamente, para a fruta, notando-se
pouco o sabor do malte ou do lúpulo. O nível de álcool também é baixo, não
ultrapassando, em geral, os 5%. As Lambics feitas pelo método tradicional são
designadas por "Oud", sendo mais ácidas do que as Lambics mais novas, mais
viradas para as vendas e por isso mais doces e balanceadas. A experimentar:
Cantillon Lou Pepe Pure Kriek;
Drie
Fonteinen Schaerbeekse Kriek;
Girardin Framboise.
Lambic-Gueuze - A Gueuze é uma lambic tradicional, feita a partir da
mistura de lambics novas com velhas e sem a
adição de fruta. As lambic
mais
velhas têm um carácter refinado, o que ajuda a retirar alguma aspereza às
lambics novas, assegurando também que não se irá sentir nenhum sabor indesejado,
fruto da fermentação expontânea característica deste estilo. Na sua maioria são
filtradas e algumas chegam a ser pasteurizadas. Após o engarrafamento, podem
passar por um períodode envelhecimento que, em algumas marcas, chega atá aos 3
anos. Acima de tudo, as Gueuze são estruturalmente muito complexas, secas e
únicas, podendo os melhores exemplos deste estilo ombrear com um bom champanhe
sem qualquer tipo de vergonha! A experimentar:
Oud Beersel Oude Geuze;
Drie
Fonteinen Oude Geuze;
Cantillon Goldackerl Gueuze.
Lambic-Unblended - Podemos considerar as Unblended como as Lambic no seu
estado mais puro. Raramente comercializadas, a sua degustação
só é possível
junto dos produtores de Lambics, que realizam provas de cervejas e visitas
guiadas às suas explorações. Um dos poucos casos que conheço de uma Unblended
que é comercializada vem da firma Cantillon e que excelente exemplar este é: a
Cantillon 1900 Bruocsella Grand Cru. As Unblended são muito susceptíveis e as
suas características podem variar de barril para barril, mesmo que estejam lado
a lado! Também são envelhecidas, por forma a reduzir a sua natural acidez e há
produtores que gostam de lhe misturar frutos para as tornarem mais acessíveis ao
gosto comum. Têm sabores próximos das cidras e do vinho branco, sendo quase nula
a presença de lúpulo. Podem variar entre 3% e 6% ABV. A experimentar:
Cantillon Jonge Lambic Cognac;
Iron Hill Lambic;
De Cam Oude Lambiek.
Mead/Hidromel -
Tal como a sidra, as Mead não são cervejas, apesar de
também passarem por um processo de fermentação. De carácter forte e alcoólico,
utilizam o mel para ajudar a fermentar e o seu sabor é-lhes dado pela adição de
frutos ou cereais, sendo que neste último caso tomam a designação de Braggots.
Existem ainda outros estilos como o Fruit Melomel e o Metheglin. A
experimentar:
Apis Poltorak Jadwiga;
Dansk Mjod
Vikingernes Mjod;
Triumph Honeymoon Braggot.
Oktoberfest/Marzen - Antes da refrigeração artidficial, era quase impossível
produzir cerveja no Verão, devido às altas temperaturas e às infecções
bacterianas que deturpavam as cervejas. Desse modo, a
produção acabava na
Primavera e só recomeçava no início do Outono, pelo que Março (Marzen) era um
mês de grande importância. Estas cervejas eram produzidas de modo a que
aguentassem o calor do Verão sem perder as suas qualidades, sendo que para isso
eram armazenadas em locais secos e frios. Em termos de aspecto, têm cores que
variam do âmbar até ao acobreado, enquanto que o aroma e o sabor revelam
forte presença de malte, o que lhes dá uma característica doçura. A presença do
sabor do lúpulo é pequena, pelo que não se trata de uma cerveja com tendências
muito azedas. O álcool varia entre os 4% e os 7%. O nome Oktoberfest refere-se à
grande festa da cerveja que tem lugar todos os anos em Munique e onde a cerveja
rainha é a Marzenbier. A experimentar:
Paulaner Oktoberfest Marzen;
Alley Kat Ein Prosit!;
Burgerbrau Wolnzacher Oktoberfest-Bier.
Premium Bitter -
As Premium Bitter, também conhecidas por ESB (Extra
Strong/Special Bitter) tiveram origem na grande concorrência que havia neste
sector das cervejas, facto que levou ao desenvolvimento de exemplares cada vez
mais fortes, quer em sabor, quer em volume alcoólico, chegando a atingir os 7%
ABV - Average alcohol by volume. Possuem cor dourada a acobreada, pouco gás e
sabor intenso a malte torrado, podendo-se também notar a presença de frutas. A
designação ESB é mais utilizada nos EUA, devido à influência da Fuller's ESB,
uma das primeiras cervejas a ser exportada para este país. A experimentar:
Shlafly Winter ESB;
Fullers ESB;
Wells Bombardier.
Pumpkin Ale -
Muitas vezes lançadas como bebida outonal, as Pumpkin Ale
(Ale de abóbora) podem ser muito variadas. Há produtores que optam
por adicionar
pedaços de abóbora à mistura, enquanto outros usam puré ou simplesmente aromas.
É também usual utilizar outros sabores para condimentar estas cervejas:
gengibre, cravo-da-Índia, canela, entre outras especiarias. São cervejas de
difícil produção e que podem levar um mestre-cervejeiro à loucura. É claro que
existe aqui um pouco de exagero mas é comum contarem-se histórias de produtores
que andaram à procura de uma receita de qualidade durantes largos anos, ao fim
dos quais não tinham obtido qualquer sucesso. Os resultados são, em geral, algo
doces e com um elevado teor alcoólico. A minha experiência mais recente foi a 'T
Smisje Halloween, uma cerveja com 9% ABV, algo doce mas extremamente agradável.
A experimentar:
Great
Pumpkin Ale;
Smuttynose Pumpkin Ale;
Post Road Pumpkin Ale.
Rye Beer -
Não se devendo confundir este estilo com as Roggenbier
germânicas, as Rye Beer (cervejas de centeio) têm a predominância do sabor deste
cereal nas suas características. Outros ingredientes são utilizados, mas o
forte carácter do centeio dá a este tipo de cerveja uma grande personalidade.
Apesar disso, a procura não é, em geral, grande, pelo que a oferta deste tipo de
cerveja é um pouco limitada. A
experimentar:
Founders Red's Rye;
Johnny "Blood" McNally Red Ale;
Carlsberg Semper Ardens Winter Rye.
Sahti - É considerado um dos estilos mais antigos da Europa
Ocidental, com raízes na Finlândia e tipicamente de origem caseira. Começou a
ser produzida no início do século XVI por camponeses e o método de elaboração
actual não foge muito ao que era naquela época. O resultado final fica próximo
das German Hefeweizens apesar de, em termos de produção, assemelharem-se mais às
Lambics belgas por serem fermentadas por bactérias e elementos existentes na
atmosfera. A experimentar:
Lamin
Sahti;
Finlandia Sahti;
Goose Island Sahti.
Saison -
Típica cerveja caseira, as Saison eram produtos elaborados
no
Inverno para consumo no Verão, dadas as dificuldades de refrigeração já aqui
faladas. Sendo um estilo complexo, não muito ao gosto comercial, tem vindo a
sofrer de algum esquecimento, com o fecho de pequenas explorações que se
dedicavam à sua produção. Possuem aroma e sabor frutado (habitualmente de
citrinos), sendo que a adição de várias especiarias e ervas lhe dá um carácter
meio-seco e ligeiramente ácido. Muito frescas e com bastante gás, acompanham bem
refeições condimentadas, queijos e carnes em geral. A experimentar:
Southampton Saison;
Fantôme
Saison;
Saison Dupont Vieille Provision.
Spice/Herb/Vegetable -
Neste grupo podemos incluir qualquer lager ou
ale
produzidas a partir de ervas, especiarias
ou vegetais, sendo que o sabor
adicionado costuma ser bem perceptível quer no aroma, quer no sabor. A grande
diversidade de ingredientes que podem ser utilizados faz com que a cor, aroma,
sabor, textura e volume alcoólico variem substancialmente de marca para marca.
De facto, há indústrias cervejeiras que na ânsia de inovar, são capazes de
atirar qualquer coisa para dentro da mistura, desde gengibre a abóbora, passando
por canela, nozes e pimenta. É um estilo de cerveja jovem e fresco, não
aconselhado para aqueles que acham que cerveja tem de ser "loura e estupidamente
fresca". A experimentar:
Baladin Nora;
Traquair Jacobite Ale;
Craftsman Triple White Sage.
Winter Warmer -
Cerveja tipicamente de Inverno, doce e maltada, é uma das
favoritas dos conhecedores para os aquecer nas noites frias dessa estação. A
presença do lúpulo não é muito pronunciada, apesar do seu carácter ser, por
vezes, perceptível em determinadas marcas. O teor de álcool varia entre 6% e 8%
ABV. A experimentar:
Hitachino
Nest New Year Celebration Ale;
Samuel Adams Winter Lager;
Avery Old Jubilation Ale.
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